Um dos estudos mais interessantes dos últimos anos no mercado de apostas saiu e, com ele, vieram informações inéditas sobre o perfil do apostador brasileiro. Foram ouvidas 2.000 pessoas de 132 municípios brasileiros pelo grupo O Globo, mostrando que 16,6% dos torcedores de futebol já fizeram apostas online.
Esta pesquisa é interessante, pois serve de comparação para outros estudos, mas não só isso: nela, há dados curiosos como uma forte predominância do centro-oeste na relação entre apostadores por torcedores. Em números, 20,3% dos torcedores por lá apostam. O que explica estes e outros dados?
Detalhando os dados e achados: qual a faixa salarial mais popular?
Trazendo as tradicionais impressões sobre a faixa de renda dos apostadores, a pesquisa revela que a população que ganha de 2 a 5 salários mínimos é a maioria, com 20,3%. Além disso, como demonstra o portal Legalbet neste link, os usuários geralmente buscam por saques rápidos como uma das principais vantagens ao procurar por casas de apostas. Mas, voltando ao dado sobre os salários mínimos, há algo interessante a se discutir.
Na realidade, a pesquisa do DataSenado que entrevistou mais de 21 mil pessoas, no fim de 2024, colocou a faixa de até 2 salários mínimos como cerca de 50% dos apostadores, embora coloque a mesma faixa da pesquisa anterior na segunda colocação. De qualquer maneira, as duas concordam ao dizer que a grande maioria dos apostadores recebe até 6 salários mínimos.
Achados inovadores: o centro-oeste domina? E o público feminino?
Além da discussão sobre faixa de renda, talvez o que mais se destaque na pesquisa é o fato de que o centro-oeste domina com 20,3% de fãs de futebol que apostam. Além disso, outro dado importante é que o interior concentra a maior fatia de apostadores — segundo o Globo, a falta de oportunidades de lazer e entretenimento nesses locais está associada a isso.
E, para completar, as mulheres apostam muito menos em futebol que os homens. Entre o público feminino, 8% apostam em futebol, e no masculino, 22,9%. Esses dados demonstram o perfil predominante: homem, do centro-oeste, em cidades do interior.
Esse perfil, a propósito, dificilmente aposta apenas uma vez: os que fizeram entre 2 a 5 apostas, na realidade, dominaram com 20,3%.
Aprofundando nos 16,6%: o que isso quer dizer em números?
A pesquisa foi feita com 2.000 pessoas, indicando que 332 (16,6%) dos fãs de futebol disseram apostar. Com isso, é possível brincar com outros números para encontrar algumas comparações interessantes.
Antes de mais nada, em uma pesquisa divulgada pelo portal Metrópoles, 35% dos brasileiros gostam muito de futebol, enquanto 25% gostam “mais ou menos”. No outro lado, 16% gostam pouco e 22% não gostam.
Considerando apenas os 35% que gostam muito, a quantidade seria de aproximadamente 75 milhões de pessoas (35% de 214 milhões de brasileiros).
Então, por uma margem de segurança alta, excluindo os 25% e 16% que também podem ser torcedores, e considerando apenas estes 35% (75 milhões), é possível extrair a porcentagem de 16,6% para tecer conclusões.
Assim, 16,6% de 75 milhões resultaria em cerca de 12,4 milhões de pessoas, um número que se aproxima bastante da quantidade de pessoas que apostam hoje no Brasil. Em outras pesquisas, estima-se que o Brasil tenha tido 17,7 milhões de apostadores no primeiro semestre.
Isso, por si só, revela a predominância do futebol, sendo assim, fazer uma pesquisa sobre apostas em futebol pode revelar muito sobre o cenário geral das bets no país. Com o cruzamento de dados, então, é possível estudar o mercado ainda mais profundamente, embora esse seja, acima de tudo, um simples exercício do pensamento.
De qualquer maneira, fica claro que a paixão por um esporte incentiva naturalmente as previsões. Assim, as casas de apostas parecem ser os locais que mais acolhem essa demanda.
Este é só o começo das pesquisas
Se você é daqueles que está sempre à espera da próxima pesquisa, a boa notícia é que esse estudo inovador é, sem dúvidas, apenas o começo. Desde que as apostas foram regulamentadas, o mercado já é acompanhado e fiscalizado de maneira bem mais eficiente.
Sendo assim, é possível que já em 2025 e 2026, pesquisas com uma maior quantidade de pessoas saiam, trazendo insights ainda mais completos. Com isso, todos são beneficiados: as casas de apostas, que querem entender quem são seus usuários, o governo, que deseja planejar políticas públicas eficientes, e os profissionais de marketing, que precisam basear suas decisões em dados.