Exames como FSH e AMH são úteis em alguns casos específicos, mas diretrizes nacionais e internacionais apontam que o diagnóstico da menopausa deve ser feito, principalmente, de forma clínica.
Basta alguns dias de atraso menstrual para que muitas mulheres recorram ao teste de gravidez, bastante popular e disponível em qualquer farmácia. Já os testes hormonais para menopausa são bem menos conhecidos e, diferentemente dos exames de gestação, não são recomendados como rotina para todas as mulheres.
Como funcionam os testes
Esses exames buscam detectar hormônios como:
• FSH (hormônio folículo-estimulante): o mais utilizado nesses casos, produzido na hipófise e ligado à ovulação e à produção de estrogênio;
• LH (hormônio luteinizante): também produzido na hipófise, atua na ovulação e na produção de progesterona;
• AMH (hormônio anti-mileriano): indica a quantidade de óvulos disponíveis;
• Estradiol: produzido nos ovários, relacionado a funções como desenvolvimento das mamas e preparação do útero para a gravidez.
Diferente do hormônio HCG nos testes de gravidez — que, quando ausente, elimina a hipótese de gestação —, o FSH pode variar bastante durante a transição para a menopausa, o que reduz a precisão do exame.
Diagnóstico clínico é o principal
De acordo com o ginecologista Luiz Francisco Cintra Baccaro, membro da Comissão Nacional Especializada em Climatério da Febrasgo, o diagnóstico da menopausa é “basicamente clínico, feito a partir dos sintomas relatados e sinais de hipoestrogenismo”.
A Febrasgo, assim como a Menopause Society e a European Menopause and Andropause Society (EMAS), indica que a ausência de menstruação por 12 meses consecutivos, sem outras causas, é o critério definitivo. Os testes hormonais podem ser usados apenas em situações de dúvida, especialmente em casos de menopausa precoce (antes dos 40 anos).
Sintomas que marcam a transição
Entre os principais sinais do climatério estão:
• Ondas de calor intensas, geralmente acompanhadas de rubor;
• Insônia, muitas vezes relacionada às ondas de calor noturnas;
• Alterações no ciclo menstrual, como espaçamento cada vez maior até a interrupção completa.
Segundo a ginecologista Flávia Fairbanks (USP), é importante cautela. “O diagnóstico da menopausa envolve não apenas o aspecto físico, mas também impactos emocionais e de saúde geral. Não é algo que pode ser definido apenas por um valor em exame”, explica.
Limitações dos exames
Os especialistas reforçam que, apesar de auxiliarem em alguns contextos, os testes não substituem a avaliação clínica. Além disso, os resultados podem sofrer interferências — como o uso de anticoncepcionais ou outras condições hormonais (exemplo: síndrome dos ovários policísticos).
Recentemente, um artigo na revista científica The BMJ alertou para a desinformação em torno desses testes e reforçou que eles não devem ser vistos como determinantes para o diagnóstico.
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📷 Foto: Freepik
✍️ Texto: Júlia Carvalho / g1