“Setembro amarelo” é uma campanha criada em 2003 a fim de promover a conscientização e a criação de estratégias para prevenir o ato do suicídio. Para tanto, o diálogo sobre esse tema é extremamente primordial e questão de saúde pública. Existe um tabu de que falar sobre a morte e o morrer não é legal, mas eu discordo e afirmo, é necessário e pode salvar vidas.
Quero que você entenda, o suicídio não é sinal de fraqueza, falta de fé ou culpa de alguém, como muitos dizem por aí. Eu já ouvi muito dizer: “quem diz que vai suicidar, não tem coragem, cão que ladra não morde, só está querendo chamar atenção”. Eu te peço, não caia nessa, mas acredite que realmente, a última parte é verdade, é para chamar atenção mesmo, mas não no sentido vazio, mas na perspectiva de que alguém se desperte e dê a atenção cabida ao sofrimento, lhe dê a mão e caminhe junte. O sofrimento do outro pode não ser justificável e nem fazer sentido para você, mas para quem sente é e o que ele deseja não é dar fim a sua vida, mas acabar com o sofrimento. Se você é uma dessas pessoas que veem nesse momento a morte como a única solução para você, procure por ajuda, e entender o que te leva a pensar e sentir dessa forma, porém sem tabu e estigmas, procure colo e ombro que possa falar sem ser julgado e ouvido de forma verdadeira.
Você tem uma família que te ama, tem uma casa, tem alimento, para que morrer? Devia agradecer”. Eu não discordo que devemos ser gratos do que temos e construímos, mas a dor que o outro sente não diz respeito ao que ele tem de material ou mesmo afetivo, vai além, diz de uma dor sem explicação clara.
Vou listar alguns sintomas e sinais comportamentais para que possamos nos atentar quando nós mesmos ou o outro precisar de ajuda. É importante que o contexto global seja analisado e não só um sintoma ou sina, mas sim o conjunto.
– Dificuldades para relacionar-se com outras pessoas e ter um convívio social conflituoso;
– Apatia, irritabilidade e pessimismo na maioria dos dias;
– Transtornos mentais e de humor, como a depressão e ansiedade;
– Relato de sentimento de culpa, impotência, falta de vontade e de esperança de dias melhores;
– Vontade ou ato de escrever testamento ou cartas de despedida;
– Fala excessiva sobre morte;
– Humor instável e variante.
O que mais podemos fazer? NÃO JULGAR, mas OUVIR, ACOLHER e AJUDAR ou se estivermos do outro lado, FALAR sobre o que sentimos é a melhor opção e pedir ajuda, você não está sozinho!
Caso precise de ajuda, busque por profissionais capacitados e/ou entre em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida), no número de telefone 188, as informações são guardadas sob total sigilo por telefone, e-mail e chat e estão disponíveis 24 horas, todos os dias. Pedir ajuda é sinal de força e nunca de fraqueza.
Isis Costa
Psicóloga