O consumo de café no Brasil sofreu alterações significativas em 2025 devido à alta expressiva nos preços, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Axxus em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O levantamento, realizado em setembro com 4.200 entrevistados em todo o país, mostrou que, embora 96% dos brasileiros continuem tomando café diariamente, muitos estão mudando a forma de consumir a bebida.
De acordo com os dados, 24% dos consumidores diminuíram a quantidade ingerida neste ano, enquanto 39% passaram a escolher a marca mais barata disponível na prateleira — um aumento expressivo em relação a 2019, quando esse índice era de apenas 7%. A mudança no critério de compra reflete diretamente a pressão do aumento dos custos, que elevou o preço médio do quilo do café para R$ 62,83 em agosto, quase o dobro do valor registrado dois anos antes.
A Abic aponta que o reajuste foi provocado por fatores como o tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro, baixos estoques globais após quatro anos de safras reduzidas e geadas que impactaram a produção no Cerrado Mineiro. Segundo especialistas, os preços devem subir mais 15% nas próximas semanas, em razão do custo mais alto pago pelas indústrias aos produtores.
Apesar da redução no consumo, o hábito segue consolidado: quase metade dos brasileiros toma de três a cinco xícaras por dia. Para Sérgio Parreiras Pereira, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e coautor do estudo, os números revelam a importância da bebida no cotidiano do país. “O consumidor não abre mão do café, mas adapta seus hábitos ao contexto econômico atual”, afirmou.
Foto: Adriano Machado/Reuters
Fonte: g1 / Instituto Axxus / Abic