A escolha e o uso correto da cadeirinha infantil ainda geram dúvidas entre pais e responsáveis, mesmo após a obrigatoriedade do equipamento em carros de passeio, que começou em setembro de 2010. A principal recomendação dos especialistas é clara: mais importante do que seguir à risca a idade, peso ou altura é garantir que a criança esteja confortável e segura no dispositivo.
A regra do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabelece faixas etárias para cada tipo de equipamento: Bebê conforto é indicado para crianças até 1 ano ou 13 kg; a cadeirinha deve ser usada de 1 a 4 anos ou entre 9 kg e 18 kg; o assento de elevação é apropriado para crianças de 4 a 7 anos, entre 15 kg e 36 kg ou até 1,45 m de altura; e o banco traseiro com cinto de segurança é recomendado para crianças de 7 a 10 anos, desde que tenham pelo menos 1,45 m de altura.
O uso incorreto da cadeirinha, além de colocar em risco a segurança da criança, pode resultar em multa de R$ 293,47, sete pontos na carteira de habilitação e retenção do veículo. O Inmetro, responsável pela certificação dos produtos, classifica os dispositivos de acordo com grupos que combinam idade, peso e altura, existindo modelos que abrangem mais de um grupo e podem ser usados por mais tempo. Gustavo Kuster, do Inmetro, destaca que há cadeirinhas certificadas que acomodam crianças de 0 kg a 25 kg, e outras que podem ser utilizadas durante praticamente todo o período em que a criança necessita de um dispositivo de retenção.
Em relação ao uso e installation da cadeirinha, deve-se considerar a altura da criança ao dispensar o assento de elevação. Crianças com menos de 1,45 m não devem utilizar apenas o cinto de segurança, mesmo que tenham mais de 7 anos. O assento de elevação é fundamental para garantir que o cinto de três pontos passe corretamente pelo peito da criança.
O local mais seguro para transportar a criança é o banco traseiro, sempre utilizando o cinto de três pontos e o dispositivo adequado. Porém, em veículos que possuem cinto de dois pontos no banco traseiro e não existe cadeirinha certificada para este tipo de cinto, é melhor transportar a criança no banco da frente, garantindo que o airbag esteja desligado, a fim de evitar lesões em caso de acidente. Fábio Viviani, especialista em segurança veicular, alerta que tentar fixar uma cadeirinha desenhada para cinto de três pontos em um cinto de dois pontos pode resultar em graves consequências em situações de impacto.
O Contran permite que crianças a partir de 10 anos sejam transportadas no banco da frente sob certas condições, como a presença apenas de cinto de dois pontos no banco traseiro ou em veículos sem banco traseiro. É importante ressaltar que somente os dispositivos adequados, como bebê conforto, cadeirinha e assento de elevação, são considerados seguros. Viviani enfatiza que equipamentos que não são certificados, ou seja, que não passaram por rigorosos testes de segurança, não oferecem a proteção necessária.
Uma maneira eficiente de fixar o bebê conforto, a cadeirinha ou o assento de elevação é o sistema Isofix, que ancoram a cadeirinha ao assento traseiro do carro. Embora essa lei tenha sido sancionada em 2015, sua obrigatoriedade para todos os veículos novos fabricados ou importados no Brasil só entrou em vigor em 2020. O Isofix requer pontos de fixação específicos tanto no veículo quanto na cadeirinha.
De acordo com o estudo IRIS (Indicadores Rodoviários Integrados de Segurança) do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), estados como Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro estão entre os que apresentam os piores índices de segurança veicular, especialmente em relação à porcentagem de veículos com Isofix. Por exemplo, no Rio de Janeiro, apenas 7,03% dos veículos possuem este tipo de ancoragem.
Além disso, o Ministério dos Transportes alerta para a disseminação de desinformação, informando que não houve mudanças nas normas relacionadas ao transporte de crianças desde a última modificação do Código de Trânsito em 2021. O secretário Nacional de Trânsito, Adrualdo Catão, aconselha à população a ficar atenta às fake news sobre o assunto.
Crédito da foto: g1
Fonte: g1 https://g1.globo.com/