Metanol engana no início, mas vira veneno em até 24h

Por Dentro De Tudo:

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A ingestão de bebidas adulteradas com metanol representa um risco grave à saúde, podendo causar cegueira e até mesmo levar à morte em poucas horas. O perigo é ainda maior porque, inicialmente, o organismo interpreta o metanol de forma semelhante ao etanol — o álcool presente em bebidas comuns — retardando a percepção de que algo está errado.

Primeiras 12 horas: sintomas enganosos

Nos estágios iniciais, os sintomas podem ser confundidos com os de uma bebedeira comum, incluindo náuseas, dor abdominal, tontura e dor de cabeça. Mesmo nesses momentos, o fígado já começa a metabolizar o metanol, convertendo-o em formaldeído e, posteriormente, em ácido fórmico — compostos altamente tóxicos.

Exames laboratoriais podem identificar alterações já nesse período, como aumento do chamado “osmolar gap” e queda do bicarbonato no sangue, sinais que indicam início de acidose metabólica.

Entre 12 e 24 horas: danos aos olhos

Após meio dia da ingestão, surgem os primeiros sintomas graves, especialmente nos olhos. Visão borrada, sensibilidade à luz e a percepção de pontos luminosos são comuns. Isso acontece porque o ácido fórmico ataca diretamente as células nervosas e a retina, comprometendo a visão de forma muitas vezes irreversível.

Ao mesmo tempo, o sangue se torna mais ácido, prejudicando o funcionamento do coração, pulmões e sistema nervoso.

Até 48 horas: risco de falência múltipla

Sem tratamento adequado, o quadro evolui para convulsões, coma e falência de órgãos. A perda visual permanente também pode se instalar nesse período. Segundo especialistas, cada hora conta: quanto mais rápido o atendimento, maiores as chances de reversão dos danos.

Por que o metanol é tão perigoso?

A substância engana o organismo porque, assim como o etanol, é processada pela enzima álcool desidrogenase no fígado. Porém, enquanto o etanol é convertido em ácido acético — metabolizável pelo corpo —, o metanol gera ácido fórmico, altamente tóxico.

O tratamento envolve o uso de antídotos, como o fomepizol ou até mesmo o etanol, que competem com o metanol no metabolismo, além de hemodiálise em casos graves.

Especialistas alertam que a única forma de identificar bebidas adulteradas é por testes laboratoriais. Por isso, a orientação é não consumir produtos de origem duvidosa.

Foto: Arte/g1

Fonte: g1 Saúde

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