O Sistema de Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG) estima uma drástica redução de até 60% nas vendas de bebidas alcoólicas destiladas, motivada pelo receio de intoxicação por metanol. Segundo o presidente da entidade, Nadim Donato, mesmo na ausência de casos confirmados no estado, tanto os comerciantes quanto os consumidores estão demonstrando um comportamento de cautela.
“Muitos empresários já recolheram as bebidas e suspenderam a venda. Às vezes, o varejo compra de um fornecedor sem saber a origem do produto, mesmo que a nota fiscal pareça estar em ordem. Estamos preocupados com essa retração”, afirmou Donato em entrevista ao BHAZ na última sexta-feira (3).
O presidente da Fecomércio-MG informou que solicitou à Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) que intensifique a fiscalização nas fábricas de bebidas. “Esperamos que eles nos informem sobre possíveis falsificações e, se for o caso, atuaremos rapidamente”, reiterou.
Na manhã da mesma sexta-feira, uma indústria de bebidas em Poços de Caldas, no Sul de Minas, foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), parte de uma investigação nacional sobre intoxicações por metanol. A força-tarefa também realizou fiscalizações em Santa Catarina e no interior de São Paulo.
Durante a ação em Poços de Caldas, agentes coletaram amostras de produtos para análise laboratorial. O objetivo é verificar a conformidade dos insumos utilizados na fabricação, identificar a presença de substâncias proibidas, como o metanol, e checar a rastreabilidade dos lotes.
Bares da capital mineira estão recolhendo destilados
Nadim ainda destacou que a entidade está empenhada em combater a falsificação e o roubo de cargas, sublinhando a importância de comercializar produtos de qualidade e que atendam aos padrões da vigilância sanitária. “Minas Gerais é famosa pela sua excelente cachaça e cervejas de qualidade, além de ser reconhecida em competições de gin e whisky. Contudo, esses produtos acabam sendo afetados pela situação atual. Não há motivo para pânico ainda”, disse ao BHAZ.
Sobre bares, clubes e boates de Belo Horizonte que decidiram recolher bebidas destiladas, o presidente da Fecomércio explicou que essa decisão reflete a preocupação dos empresários. “Eles não querem arriscar a saúde das pessoas e estão apreensivos quanto à origem dos produtos. Muitas vezes, não se conhece a procedência do fornecedor. Por isso, sempre orientamos os comerciantes a ficarem atentos aos preços, pois bebidas vendidas a preços muito baixos podem não ter garantia de origem”, alertou.
Em nota, o Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas MG) manifestou que está cobrando das autoridades uma atuação mais rigorosa e permanente para combater a produção, distribuição e consumo de bebidas falsificadas em todo o país.
“Minas Gerais desempenha um papel central na cadeia produtiva de bebidas no Brasil, sendo o estado com o maior número de produtores de cachaça e o segundo com mais rótulos de cervejas registrados. É essencial agir firmemente contra o mercado ilegal para proteger a saúde pública e a integridade dessa cadeia produtiva”, destacou.
Casos suspeitos
Até a tarde da última quinta-feira (2), o Brasil registrou 48 casos suspeitos de intoxicação por metanol, com 11 casos confirmados laboratorialmente pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (Cievs). O Ministério da Saúde confirmou a morte de uma pessoa em São Paulo devido a essa intoxicação, enquanto outros sete óbitos estão sob investigação.
Os sintomas da intoxicação por metanol incluem visão turva ou perda de visão, mal-estar geral, náuseas, vômitos e dores abdominais. Em caso de identificação desses sinais, é crucial procurar imediatamente um serviço de emergência médica ou entrar em contato com o Disque-Intoxicação da Anvisa pelo telefone 0800 722 6001.
**Fonte: BHAZ**
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