Uma brasileira traficada para o Sudeste Asiático detalhou ao Profissão Repórter, da TV Globo, como funcionava o golpe da “falsa polícia”, aplicado por quadrilhas que operavam principalmente a partir do Camboja e faziam vítimas em todo o Brasil. Por segurança, a mulher não foi identificada.
O esquema simulava uma operação policial e seguia um roteiro dividido em três etapas. Na primeira, chamada de “linha 1”, os criminosos ligavam para as vítimas fingindo ser agentes da Polícia Civil. Munidos de dados pessoais, como nome e CPF, afirmavam que uma pessoa havia sido presa com um cartão de crédito em nome da vítima. Para dar credibilidade, diziam que os dados poderiam ter sido roubados em redes Wi-Fi públicas.
Caso a vítima desconfiasse, a ligação era transferida para a “linha 2”, que simulava o atendimento da Polícia Federal. Nessa fase, os golpistas faziam pressão psicológica, ameaçando congelar as contas bancárias da pessoa caso ela não colaborasse.
Na terceira etapa, chamada de “linha 3”, a vítima era orientada a transferir o dinheiro para uma conta supostamente ligada à Polícia Federal, sob o pretexto de proteger os valores durante a investigação. Todo o dinheiro era desviado pelos criminosos.
O Profissão Repórter teve acesso ao roteiro usado pelos golpistas, com frases e instruções detalhadas. O documento orientava os falsos atendentes a ameaçar as vítimas com “penalidades de reclusão” e bloqueio de bens.
A brasileira contou que era obrigada a aplicar o golpe sob ameaça de tortura. “Eles ficavam com um taser atrás de você, uma arma de choque”, relatou.
O caso faz parte de uma investigação internacional sobre tráfico humano e crimes cibernéticos. As quadrilhas têm recrutado brasileiros com falsas promessas de emprego e os forçado a participar de fraudes financeiras em call centers ilegais no Sudeste Asiático.
Fonte: Profissão Repórter / TV Globo