Pai Ricardo lança “Da Macega à Makaia” na Academia Mineira de Letras e celebra os saberes afro-brasileiros

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O zelador e pesquisador Pai Ricardo de Moura, referência na preservação dos saberes afro-brasileiros, lança seu primeiro livro, “Da Macega à Makaia – abrindo caminhos na tradução do falar negro de terreiro”, na próxima sexta-feira, 24 de outubro, às 19h, na Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte. O evento tem entrada gratuita e integra o projeto Rumos Itaú Cultural 2023-2024.

A obra traz à luz os conhecimentos tradicionais das religiões afro-brasileiras, transpostos para o universo literário e acadêmico por meio de um processo que o autor define como “escrit(ação)”. O livro apresenta o ensino, a transcrição e a editoração dos saberes espirituais, artísticos, culturais e éticos herdados de seus antepassados, propondo um diálogo entre a oralidade e a escrita.

Para Pai Ricardo, “o falar negro é como a macega, uma mata complexa, difícil de atravessar, pela dificuldade que algumas pessoas têm de nos ler, escutar, sentir, entender e ceder espaço”. Já a “makaia” representa o terreno fértil dos pensamentos e ideias que precisam circular entre diferentes espaços — o ecossistema do pensamento negro de terreiro.

Filho de Oxóssi, o orixá da caça e da mata, o autor explica que makaia e macega são caminhos complementares. “Para transitar por uma, é preciso passar pela outra. Sugiro um processo criativo compartilhado de transcrição da oralidade, respeitando a cosmologia de terreiro, pautada no diálogo, na coletividade, na transmissão dos conhecimentos e na escuta atenta entre todos”, afirma.

O livro foi construído de forma coletiva, com a Matuta – Comunidade de Pesquisa em Terreiro, e coordenação de Nicole Faria Batista. A equipe conta ainda com Bruni Fernandes (projeto gráfico e editoração), Michelle Araújo Pessoa e Gabriel Ricardo de Moura (pesquisa e produção), além de Lania Mara Silva, Ana Paula Santos e Alice Bicalho (revisão e capa).

Com eixos temáticos que discutem desde a relação entre saberes tradicionais e universidade até a diáspora negra e os dilemas da transmissão do conhecimento, o trabalho busca reconhecer e valorizar os saberes afro-diaspóricos como parte fundamental da identidade cultural brasileira. “Queremos ser ferramenta e inspiração, termos visibilidade e acesso, e também a tranquilidade de nos comunicarmos em público, nos jornais, na televisão e nos livros, a partir de nossos falares e escreveres”, afirma Pai Ricardo.

Além de escritor, o autor é zelador da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente (CCPJO), fundada em 1966 por seus pais, e atua na diretoria do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (CENARAB). Ele também é responsável por dois dos maiores eventos de matriz afro-brasileira de Belo Horizonte — a Festa de Iemanjá, na Lagoa da Pampulha, e a Noite da Libertação, que celebra a abolição da escravatura e foi reconhecida como patrimônio imaterial da capital mineira em 2019.

Mais que um lançamento literário, “Da Macega à Makaia” é um convite à escuta, à cura e à celebração dos saberes de terreiro, um caminho aberto para que a palavra ancestral continue viva e ecoe nas encruzilhadas da literatura e da vida.

Serviço

Lançamento do livro: “Da Macega à Makaia – abrindo caminhos na tradução do falar negro de terreiro”, de Pai Ricardo de Moura

Data: 24 de outubro (sexta-feira)

Horário: 19h

Local: Academia Mineira de Letras – Rua da Bahia, 1466, Centro, Belo Horizonte/MG

Entrada: Gratuita

Foto: Divulgação / Itaú Cultural

Fonte: Assessoria de Comunicação – Academia Mineira de Letras / Rumos Itaú Cultural

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