As condições adversas enfrentadas pelos profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram tema central de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na terça-feira, dia 21 de outubro. A audiência foi solicitada pela deputada Beatriz Cerqueira, com o objetivo de discutir o custeio e as condições de trabalho dos servidores que atuam na linha de frente do atendimento de urgência no estado.
Um dos depoimentos mais impactantes foi o da socorrista Silvana Corrêa, que trabalha em Belo Horizonte. Mãe de duas filhas e separada, Silvana exerce três funções diferentes para conseguir arcar com as despesas do lar. Além da intensa rotina no Samu, onde cumpre uma carga de 12 horas de trabalho seguidas por 36 de descanso, ela também realiza serviços como costureira e atua como atendente em uma unidade básica de saúde.
Silvana expressou a sua exaustão, afirmando: “Trabalho praticamente todos os dias, em três lugares diferentes. A gente ama o que faz, mas é muito cansativo e, muitas vezes, o que recebemos não é suficiente para o quanto entregamos”. Ela destacou ainda que a sobrecarga e a falta de valorização têm levado muitos colegas a um estado de esgotamento físico e emocional, com diversos profissionais adoecendo.
Durante a audiência, representantes da Secretaria de Estado de Saúde informaram sobre a criação de um grupo de trabalho que terá a tarefa de reavaliar os contratos do Samu, propondo reajustes salariais, ampliação das equipes e melhorias na infraestrutura. Este estudo está previsto para ser concluído até o início de 2026, com o intuito de equilibrar a carga de trabalho e reduzir o número de vínculos temporários.
A deputada Beatriz Cerqueira comprometeu-se a acompanhar de perto o cumprimento das promessas feitas durante a audiência. Ela enfatizou: “O Samu é um serviço essencial para salvar vidas, mas quem salva também precisa ser cuidado. Vamos cobrar que as medidas anunciadas hoje se tornem realidade”.
Enquanto as mudanças não se concretizam, profissionais como Silvana continuam enfrentando longas jornadas e tendo que manter múltiplos empregos para sobreviver. Silvana sintetizou a situação ao afirmar: “A gente socorre os outros todos os dias, mas também precisa de socorro”.
Crédito da foto: DeFato Online. Fonte: DeFato Online.