‘Armas artesanais’: por que elas estão aumentando nas mãos do crime no Brasil

Por Dentro De Tudo:

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A recente megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, localizados na Zona Norte do Rio de Janeiro, revelou a força armamentista do crime organizado. Durante a operação, que resultou em 121 mortes, incluindo quatro policiais, a polícia apreendeu 91 fuzis, um número recorde para ações desse tipo. No episódio do podcast O Assunto, a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, discutiu o uso crescente de armas pelo crime organizado, incluindo as chamadas “armas artesanais”, que são montadas e adaptadas com peças enviadas ao Brasil de outros países, principalmente dos Estados Unidos.

Carolina destacou que essas peças chegam ao Brasil tanto por via aérea quanto marítima, sendo que a venda de armas e componentes é bastante facilitada nos Estados Unidos. Ela explicou que, muitas vezes, traficantes enviam partes separadas pelo correio ou por navios. Além disso, as fronteiras terrestres do Brasil são também pontos vulneráveis à entrada de armamentos ilegais. A produção de armas artesanais no Brasil indica um movimento interno significativo no fluxo ilegal de armamentos, embora a fabricação dessas armas não seja uma tarefa simples. Carolina enfatizou que essa produção faz parte de uma cadeia produtiva que se consolidou no mercado criminal.

A diretora-executiva apontou que a fiscalização no Brasil é insuficiente para conter essa entrada de armamentos. Ela mencionou que regiões como a fronteira com o Paraguai, a Tríplice Fronteira e áreas como Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, são particularmente sensíveis à entrada de armas.

Sobre a fabricação de armas, Carolina observou que é necessário um conhecimento técnico específico, o que sugere a possibilidade de desvio de armamentos de estilo militar dos arsenais das forças de segurança. Ela ressaltou que algumas armas apreendidas, com numeração preservada, pertencem a forças de segurança e acabam sendo desviadas do Exército. Por isso, Carolina defendeu a necessidade de implementar iniciativas que protejam os arsenais públicos, evitando que as armas utilizadas por forças de segurança sejam desviadas para o crime organizado.

A operação nos complexos da Penha e do Alemão, que contou com cerca de 2.500 policiais civis e militares, é considerada uma das mais letais da história do Rio de Janeiro, refletindo a intensificação do conflito entre as forças de segurança e o crime organizado.

Jose Lucena/TheNewsS2/Estadão Conteúdo
Fonte: g1.globo.com

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