Um estudo da Tendências Consultoria, divulgado em primeira mão para o G1, revela que a ascensão de status e classe social está se tornando mais desafiadora para pessoas de baixa renda. A pesquisa destaca uma redução na mobilidade social, que se refere à capacidade de melhorar as condições de vida, em um contexto de desigualdade de renda. Tal cenário é identificado como “educação não revertida em produtividade”, indicando que os grupos mais pobres nem sempre conseguem traduzir anos de estudo em emprego de qualidade ou em aumentos salariais.
Giuliana Folego, consultora da Tendências, explica que o mercado de trabalho brasileiro é caracterizado por alta informalidade, baixos salários e forte segmentação. Assim, mesmo com mais acesso ao mercado de trabalho, os indivíduos de renda mais baixa tendem a permanecer em empregos mal remunerados e sem proteção social. Embora o acesso ao trabalho seja essencial para a redução da pobreza, isso não se mostra suficiente para superá-la. Folego menciona que a baixa qualidade da educação básica, a desconexão entre os currículos escolares e as demandas do mercado de trabalho, além da escassez de empregos qualificados, são fatores que contribuem para esse descompasso. Com isso, mesmo com melhoria na escolaridade, os trabalhadores de classes menos favorecidas permanecem em ocupações com baixas remunerações e baixa produtividade.
O estudo também evidencia que os altos juros têm ampliado a renda das classes altas e agravado a situação das classes mais baixas. Essa dinâmica ocorre porque as altas taxas favorecem aqueles cuja renda provém de investimentos financeiros, enquanto as famílias de baixa renda enfrentam dificuldades com crédito e limitações de pagamento. De acordo com a pesquisa, 72% da renda das famílias da classe A é oriunda de fontes que não dependem do trabalho, em comparação com apenas 1,3% nas classes mais baixas.
A situação se torna ainda mais crítica com a expectativa de desaceleração do mercado de trabalho e a manutenção do reajuste nulo do Programa Bolsa Família em 2026, o que deve resultar em um crescimento da renda dos mais pobres inferior ao das demais classes. Folego observa que a desaceleração da massa de renda deve ocorrer, mesmo em ano eleitoral, quando políticas sociais costumam ser priorizadas.
Além disso, as classes de renda mais baixa são as que gastam proporcionalmente mais com itens essenciais. Apesar da desaceleração na inflação dos itens essenciais ao longo do ano, a percepção de que os preços ainda estão elevados é forte entre essas famílias. A consultora aponta que, embora se projete uma leve desaceleração na inflação de itens essenciais, a expectativa é que os preços continuem a subir, embora em um ritmo mais lento.
Porém, a consultoria acredita que as medidas anunciadas pelo governo podem proporcionar algum alívio para as classes C, D e E nos próximos meses, com a expansão de programas sociais e reformas tributárias que podem beneficiar as famílias de renda mais baixa.
Crédito da Foto: Celso Tavares/G1
Fonte: G1



















