Boulos chama Zema de “governador turista” e critica ausência em ato pelos 10 anos da tragédia de Mariana

Por Dentro De Tudo:

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O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL), fez duras críticas ao governador Romeu Zema (Novo) durante um ato realizado em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (5), em memória dos dez anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG).

Em sua primeira viagem oficial desde que assumiu o cargo, Boulos afirmou que a ausência do governador nos eventos que lembram o desastre demonstra falta de compromisso com as vítimas e com o estado.

“Não podíamos deixar passar os dez anos desse crime sem vir aqui e falar olho no olho com vocês. Lamento muito que essa não seja a postura do governador Zema, que, nessa data simbólica, resolveu viajar para o exterior. Aliás, já estão dizendo por aí que o governador Zema é um governador turista, porque vai para a Europa, vai pra Ásia, mas o que não faz é cuidar do povo de Minas Gerais”, declarou o ministro durante o ato.

Apesar da declaração, a agenda oficial de Zema não registrava viagens internacionais nesta quarta-feira. O governador não teve compromissos públicos pela manhã e pela tarde e, a partir das 18h, cumpriria agenda no Rio de Janeiro (RJ).

Em nota, o Governo de Minas afirmou que não realiza eventos públicos nas datas que marcam as tragédias de Mariana e Brumadinho, por considerar que “esses dias devem ser reservados ao luto e à reflexão das famílias e comunidades atingidas”. A nota também destacou que representantes da Superintendência Central de Reparação do Rio Doce participaram das solenidades em Mariana a convite da comunidade local.

“Não foi desastre, foi crime”, diz Boulos

Durante o discurso, o ministro classificou o rompimento da barragem como um crime ambiental cometido pela Samarco, e não como um desastre natural.

“Desastre é algo inevitável por causas naturais. Ali foi um crime, e o crime demanda reparação ambiental, social e humana às comunidades e famílias que sofreram com seus efeitos”, afirmou.

Boulos também destacou que, mesmo após uma década, as consequências ambientais e sociais ainda são sentidas. Ele lembrou que o governo federal repactuou o acordo de reparação, elevando o valor total para R$ 170 bilhões — sendo R$ 100 bilhões sob gestão do poder público e R$ 70 bilhões destinados a indenizações diretas às vítimas.

O ministro ainda criticou a lentidão da Justiça e a falta de responsabilização dos culpados. “Demorar dez anos e ainda o resultado ser uma absolvição completa de todas essas pessoas não é razoável. O governo Lula entende que combater o crime também passa por responsabilizar os grandes beneficiários, não só quem está na ponta”, afirmou.

Copasa e dívida de Minas

No mesmo evento, Boulos aproveitou para criticar a tentativa de privatização da Copasa, que estava em pauta na Assembleia Legislativa nesta quarta. Segundo ele, o refinanciamento da dívida de Minas Gerais com a União não está condicionado à venda da empresa pública.

“O povo mineiro não pode pagar duas vezes — primeiro com a lama, agora com a perda de um patrimônio público essencial como a Copasa”, disse o ministro.

O rompimento da barragem da Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton, em 5 de novembro de 2015, provocou uma das maiores tragédias socioambientais da história do Brasil. O desastre deixou 19 mortos, destruiu o distrito de Bento Rodrigues e contaminou o Rio Doce, afetando dezenas de municípios em Minas Gerais e no Espírito Santo.

Foto: Sérgio Leite/TV Globo

Fonte: g1 Minas

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