Minas Gerais registra 172 mortes por intoxicação medicamentosa em menos de dois anos

Por Dentro De Tudo:

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O uso incorreto de medicamentos tem causado preocupação em Minas Gerais, onde 172 pessoas morreram entre 2024 e outubro de 2025 por intoxicação medicamentosa, segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Especialistas alertam que a automedicação e o uso combinado de fármacos com outras substâncias estão entre as principais causas das intoxicações.

O tema ganhou destaque após a morte do cantor e compositor Lô Borges, um dos fundadores do Clube da Esquina, que faleceu no último domingo (2) em decorrência de falência múltipla de órgãos causada por um quadro grave de intoxicação. Ele estava internado em um hospital da Unimed, em Belo Horizonte, desde o dia 17 de outubro.

A cientista Maria de Fátima Leite, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Hepatologia 360º da UFMG, explicou que até remédios de uso comum podem ser perigosos quando utilizados de forma errada.

“As pessoas acham que analgésicos e anti-inflamatórios são inofensivos, mas o uso inadequado pode causar alergias, gastrite, insuficiência renal e até danos irreversíveis ao fígado”, afirma.

Ela também destacou os riscos da interação entre medicamentos e produtos naturais, como chás e fitoterápicos, que podem potencializar efeitos tóxicos. “Algo aparentemente natural pode se transformar em um veneno quando combinado com outros fármacos”, alerta.

Casos de superdosagem acidental também são frequentes. Um exemplo citado foi o de uma adolescente que quase teve complicações graves após ingerir dois medicamentos diferentes que continham paracetamol, sem perceber. “Isso acontece com frequência. A duplicidade de substâncias é um dos erros mais comuns”, acrescenta Maria de Fátima.

A pesquisadora recomenda nunca descartar remédios no lixo comum, pia ou vaso sanitário, e sempre procurar farmácias com pontos de coleta. Ela também reforça que qualquer dúvida deve ser esclarecida com um farmacêutico antes do uso.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que as ações de prevenção e monitoramento das intoxicações são realizadas pelos municípios. Em Belo Horizonte, medicamentos vencidos podem ser entregues nos centros de saúde, que destinam os resíduos para incineração adequada.

Foto: Supitchamcsdam / iStockphoto

Fonte: O Tempo – Raíssa Oliveira

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