Durante muito tempo relutei com o título de artista.
Na minha concepção, não caberia a mim me dar esse título. Seria pretensão da minha parte. Sempre achei que caberia aos outros decidirem se eu merecia ou não. Sempre acreditei também que isso não deveria ser imposto ou solicitado, que as pessoas deveriam julgar a obra e avaliar se ela teria qualidade a artística.
Afinal de contas a fotografia por si só não é arte, a fotografia é um processo. Processo esse que pode envolver arte ou não.
Segundo as definições do termo, artista é aquela pessoa que cultiva as belas-artes, que é exímio no desempenho do seu ofício. E o processo artístico sempre envolve conceito e criatividade.
Sendo assim, nem sempre a fotografia é arte ou o fotógrafo é artista.
Esse título inclusive prejudica alguns colegas. Muitos vivem esperando um reconhecimento que nunca chega, esperando que o trabalho fale por sí só e traga muito sucesso financeiro na sua profissão de fotógrafo. O que acontece em alguns casos, mas na maioria das vezes…. Não.
Para esses seria muito importante dominar a “arte” das VENDAS e do marketing, preocupar-se menos com o título de artista e mais com ter um negócio viável, em busca de exercício digno da profissão.
Que façamos o que façamos com muito amor e dedicação, sem almejar glórias ou honrarias. Sem nos inflarmos perante os elogios ou murcharmos perante as críticas.
Que possamos aprender com os monges budistas que constroem belíssimas mandalas de areia colorida, super detalhadas, somente para apagá-las imediatamente depois de prontas. A areia é então recolhida de forma específica, colocada em um frasco que é envolto em seda. E depois é despejada em um rio, ou lugar com água corrente. Isso simboliza a efemeridade da vida e do mundo.
O julgamento sobre quem fui ou o que fui ou fiz, deixo a posteridade.
Lucas Araújo
Fotógrafo
