Por que ter amigos é importante para o bem-estar

Por Dentro De Tudo:

Compartilhe

Pesquisadores têm demonstrado que a amizade é um aspecto essencial para a saúde e aprendizado, independentemente da duração do relacionamento. A história de uma amizade pode começar de maneira simples, como a experiência da autora, que conheceu sua melhor amiga a caminho da escola e, com o passar do tempo, mesmo morando em cidades diferentes, a amizade se manteve firme.

Um estudo realizado na Universidade do Kansas revelou que as pessoas se tornam melhores amigas após cerca de 730 horas juntas, o equivalente a um mês de convivência contínua. Essa pesquisa também indicou que são necessárias entre 80 a 100 horas de interação para que alguém se torne amigo, enquanto 200 horas são necessárias para estabelecer uma amizade mais profunda. A partir dessas interações, a maioria das pessoas desenvolve amizades íntimas com poucas pessoas, geralmente entre uma a três.

As amizades não se limitam apenas a laços profundos; mesmo relações mais casuais são importantes para o bem-estar. Os amigos compartilham interesses comuns, humor e hábitos, e, portanto, tendem a se encontrar em ambientes onde passam bastante tempo. Na Alemanha, uma pesquisa destacou que mais de dois terços dos adolescentes e jovens adultos afirmaram ter feito muitos de seus bons amigos durante a escola ou em atividades profissionais e universitárias. Esportes e atividades de lazer também oferecem boas oportunidades para formar novos vínculos.

A proximidade física é um fator que pode influenciar a formação de amizades. Um estudo revelou que alunos que se sentam próximos uns dos outros nas salas de aula têm maior chance de se tornarem amigos em comparação àqueles que estão mais distantes. Contudo, a verdadeira amizade depende, em última análise, da semelhança entre as pessoas.

A escolha das amizades muitas vezes se baseia na afinidade. Anna Schneider, professora de psicologia da Universidade de Trier, observa que cercar-se de pessoas que refletem nossos próprios valores proporciona uma sensação de recompensa. O psicólogo Tobias Altmann, da Universidade de Duisburg-Essen, acrescenta que a semelhança facilita as conversas entre amigos. Além disso, um estudo com cerca de 2.000 participantes mostrou que amigos compartilham aproximadamente 1% de seus genes, o que é comparável à relação entre primos de quarto grau.

A amizade também pode ser cultivada no ambiente digital. Na Alemanha, 22% dos jovens LGBTQIA+ relataram ter feito bons amigos online, em contraste com apenas 8% dos jovens não LGBTQIA+. Porém, o especialista Altmann alerta que amizades apenas no mundo digital podem não ter a mesma durabilidade que aquelas presenciais. As amizades desempenham um papel crucial em ajudar as pessoas a enfrentar problemas e a desenvolver habilidades sociais, especialmente durante a adolescência.

Embora as interações digitais possam ser significativas, a ausência de contato físico pode dificultar a percepção das emoções dos amigos, levando a mal-entendidos. Além disso, amizades online podem ser mais fáceis de substituir, o que pode impactar sua estabilidade.

A relação com chatbots é considerada problemática, segundo os especialistas. Esses programas de inteligência artificial tendem a reforçar as peculiaridades e defeitos das pessoas, o que pode levar a visões radicais e inflexíveis. No entanto, as diferenças entre amizades online e presenciais têm diminuído com a evolução das tecnologias de comunicação, como videochamadas, que permitem uma interação mais rica.

Os benefícios das amizades são claros. Uma meta-análise de 2010 avaliou 148 estudos e mostrou que pessoas com muitos contatos sociais tendem a viver mais. As boas amizades, segundo a pesquisa, são quase tão benéficas para a saúde quanto parar de fumar. Além disso, estudos recentes indicam que ter amigos pode reduzir o risco de depressão e diminuir a probabilidade de demência.

A psicóloga Anna Schneider completa que os seres humanos, como seres sociais, têm uma necessidade intrínseca de conexões sociais. As amizades satisfazem três necessidades sociais fundamentais: a conexão social, a capacidade de tomar decisões próprias e a autoeficácia.

Além disso, a amizade e a cooperação têm implicações biológicas que garantem a sobrevivência da espécie. Observações em animais, como os morcegos-vampiros, revelam que espécies que se ajudam mutuamente têm maior chance de sobrevivência.

A pesquisa sobre a natureza das amizades e seu impacto no bem-estar humano continua sendo um campo fértil para futuras investigações.

Autor: Jeannette Cwienk

Fonte: G1 (https://g1.globo.com/)

Encontre uma reportagem