Casal gay envenenado em MG: polícia indicia cinco e identifica R$ 5 milhões em transações

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A Polícia Civil de Minas Gerais finalizou o inquérito que investiga as mortes de Everaldo Gregório de Souza, de 60 anos, e Thomas Stephen Lydon, de 65, ocorridas em junho deste ano, em Governador Valadares. O relatório, assinado pelo delegado Ciro Trindade Roldão de Carvalho, foi entregue ao Ministério Público na quinta-feira (13) e resultou no indiciamento de cinco indivíduos por homicídio qualificado e crimes correlatos.

A análise da quebra de sigilo bancário, ainda em andamento, já revelou movimentações superiores a R$ 5 milhões nos últimos dois anos, valores considerados incompatíveis com as rendas declaradas pelos investigados. Entre as operações identificadas, destaca-se o resgate de R$ 379 mil de uma aplicação em nome de Everaldo após seu falecimento, a tentativa de venda de um imóvel avaliado em R$ 950 mil, e a transferência de R$ 120 mil para contas associadas ao grupo.

As investigações indicaram que dois dos suspeitos eram uma irmã de Everaldo e um amigo próximo de Thomas, ambos com acesso à residência das vítimas e que prestavam assistência frequente ao casal. As mortes, inicialmente tratadas como naturais, passaram a ser consideradas suspeitas após familiares denunciarem a falta de informações sobre a internação de Everaldo e a rápida sepultação de Thomas, sem comunicação à família.

Conforme apurado pela Polícia Civil, o grupo teria planejado os crimes com antecedência. O inquérito revelou que medicamentos controlados foram adquiridos com receita médica falsificada no dia 9 de junho, poucos dias antes da morte de Everaldo. A médica mencionada na prescrição negou ter emitido o documento. Durante as buscas, foram apreendidos receituários em branco do SUS e carimbos de profissionais de saúde.

A morte de Thomas foi inicialmente registrada como decorrente de câncer de pele, com base em um laudo apresentado por um dos investigados. Everaldo faleceu dias depois, com um diagnóstico inicial de coma alcoólico, e nenhum dos corpos foi submetido a perícia na época. Com o avanço das investigações, a Polícia Civil solicitou a exumação dos corpos, e os exames toxicológicos revelaram a presença de Fenobarbital em ambas as vítimas. O laudo também indicou que Everaldo apresentava sinais de espancamento, incompatíveis com a versão apresentada aos médicos. A substância pode causar parada cardiorrespiratória quando administrada em doses elevadas.

O inquérito também revelou que uma procuração conferia amplos poderes a um dos investigados para representar Everaldo, o que restringiu o acesso da família a informações médicas e documentos. A Polícia Civil apontou indícios de lavagem de dinheiro por meio de contratos simulados e movimentações circulares entre contas bancárias.

No relatório final, cinco pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil. Quatro delas enfrentarão acusações de homicídio qualificado, falsificação de documentos, uso de documento falso, estelionato, lavagem de dinheiro, associação criminosa e fraude processual. Uma quinta pessoa, que atuava como advogada, foi indiciada por coação no curso do processo, ao tentar interferir no depoimento de testemunhas durante a investigação.

De acordo com a Polícia Civil, o principal motivo para os homicídios foi patrimonial. Everaldo e Thomas mantinham união estável e possuíam imóveis e aplicações financeiras de alto valor. Após as mortes, o grupo teria iniciado manobras para se apropriar do patrimônio, incluindo tentativas de transferência de bens e resgates de aplicações financeiras. Em etapas anteriores da investigação, a Polícia Civil já havia identificado movimentações superiores a R$ 1,3 milhão ligadas ao grupo, além do bloqueio judicial de R$ 1,5 milhão em ativos financeiros e veículos para proteger os herdeiros.

A corporação informou ainda que um dos investigados responde a outros procedimentos, incluindo suspeitas relacionadas ao desaparecimento de uma prima e à morte da própria mãe. Esses elementos surgiram durante a análise do histórico do grupo ao longo das apurações. Com o envio do relatório final ao Ministério Público, este deverá analisar os indiciamentos e decidir sobre o oferecimento da denúncia, enquanto os dois principais suspeitos permanecem presos preventivamente.

Fonte: g1
Crédito da foto: Redes sociais

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