Um estudo liderado pela Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA, descobriu a prevalência de sintomas neurológicos de curto e longo prazo em pacientes que tiveram Covid-19. Embora muitos tenham apresentado melhora, a maioria ainda apresentava alguns problemas após seis meses de recuperação.
A pesquisa, que foi publicada na última quarta (15) na revista científica Annals of Clinical and Translational Neurology, revelou que uma parte dos pacientes analisados exibiu sintomas relacionados à coordenação motora e cognição, que não haviam sido descritos anteriormente.
Os cientistas avaliaram 56 pessoas com sintomas neurológicos que tiveram infecções leves a moderadas causadas pelo coronavírus. Elas foram recrutadas entre outubro de 2020 e outubro de 2021 e fizeram exame neurológico, avaliação cognitiva, responderam questionários e realizaram varredura cerebral opcional. As primeiras medições foram feitas alguns meses após a infecção inicial e repetidas três e seis meses depois.
Como mostra o site americano de notícias de saúde Medical Xpress, na primeira medição, 89% dos participantes do estudo apresentaram fadiga e 80% relataram dores de cabeça. Outros sintomas neurológicos comuns incluíam comprometimento da memória, insônia e menor concentração. Além disso, 80% dos voluntários disseram que esses sintomas afetaram a qualidade de vida.
Quando os pacientes retornaram para o acompanhamento, passados seis meses, apenas um terço relatou que os sintomas haviam sumido. Os demais participantes afirmaram aos pesquisadores que tinham problemas neurológicos persistentes, embora em menor gravidade. Os sintomas mais comuns após seis meses da Covid-19 incluíam comprometimento da memória e diminuição da concentração.
Segundo o Medical Xpress, os autores alertam que nenhum dos indivíduos que estavam com sintomas persistentes após seis meses da infecção tinha histórico de condições neurológicas.
“São pessoas que não tinham problemas neurológicos antes da Covid-19 e agora têm uma descoordenação do corpo e uma possível incoordenação de pensamentos. Nós não esperávamos encontrar isso, então queremos divulgar para que outros médicos fiquem atentos a isso também”, comentou a pesquisadora Jennifer S. Graves, da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), uma das autoras do estudo, citada pelo site especializado.
Os cientistas ainda estão investigando os efeitos do coronavírus no cérebro, mas Jennifer disse que é mais provável que esses sintomas neurológicos de longo prazo sejam causados por uma resposta autoimune inflamatória.
A equipe planeja continuar monitorando os sintomas dos participantes anualmente por até 10 anos. Esforços adicionais avaliarão como as diferentes variantes e vacinas da Covid afetam esses sintomas neurológicos de longo prazo.
Fonte: Hoje em Dia