Beber mais que um copo de 260 ml de leite por dia diminuiu em 66% o risco de morrer por doenças cardiovasculares entre os homens. Para as mulheres, o recomendado é ingerir mais de 321 ml. A conclusão é de uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“O leite é uma importante fonte de proteínas e outros constituintes, como carboidratos, vitaminas e minerais. Vale lembrar que o leite e seus derivados são a principal fonte de cálcio, portanto, esses alimentos são essenciais para formação e manutenção óssea e para o funcionamento do nosso corpo’, disse a responsável pelo estudo, a pesquisadora Fernanda Marcelina Silva.
Porém, estes benefícios têm se tornado cada vez menos acessíveis aos brasileiros. O litro passou a ser encontrado nos mercados e padarias do Brasil entre R$ 7 e R$ 10 nas últimas semanas.
“De uma forma geral, o brasileiro já tem um menor consumo leite e derivados quando comparado com habitantes de países desenvolvidos. Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar, do IBGE, 2017-2018, já mostravam que, embora a redução na aquisição de laticínios tenha ocorrido em todos os quintos de rendimento médio mensal familiar, resultados indicavam uma maior aquisição per capita de laticínios à medida que aumentava a renda familiar mensal, evidenciando as desigualdades no acesso a esses alimentos entre os brasileiros. Certamente, hoje, a situação é ainda mais grave”, disse a pesquisadora.
Muitas famílias brasileiras estão deixando de consumir um produto que se mostrou fundamental na prevenção de doenças. O estudo mostra que o consumo de leite caiu de 44,4kg, no período entre 2002 e 2003, para 25,8 kg entre 2017-2018, uma queda de quase 50% na média de aquisição do produto.
“O efeito benéfico do leite e seus derivados está relacionado com os nutrientes presentes nesses alimentos. A presença de alguns minerais, como cálcio, potássio e magnésio, e também, de proteínas, contribui para a redução da pressão arterial, um importante fator de risco para as doenças cardiovasculares”, explicou Fernanda.
Ainda segundo ela, as proteínas do leite contribuem para a regulação do perfil lipídico (colesterol e triglicerídeos) e possuem ação antioxidante. As vitaminas A e E também têm ação antioxidante, reduzindo inflamações na corrente sanguínea.
Leite, manteiga, queijo e sorvete
Queijos fazem bem pro coração — Foto: Arquivo pessoal
A pesquisa analisou oito anos de dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), desenvolvido em seis instituições de ensino e pesquisa do país, incluindo a UFMG. A análise permitiu avaliar se a associação entre consumo de laticínios e risco de morte por doenças cardiovasculares é independente de fatores como idade, prática de atividade física e tabagismo.
O consumo de leite e derivados foi dividido em quatro grupos distintos, sendo o primeiro grupo composto por participantes que apresentavam uma ingestão menor destes alimentos, enquanto o quarto grupo foi composto por pessoas que apresentavam um maior consumo de leite e derivados. Foi aí que a pesquisadora chegou ao valor de 260 ml para homens e 321 ml para mulheres.
“Estudos realizados em diferentes países, incluindo o Brasil, têm mostrado um efeito benéfico do consumo de leite e derivados sobre a saúde cardiovascular e risco de morte”, disse Fernanda.
E não é só o leite. Queijo, iogurte, requeijão, manteiga, sobremesa a base de leite e sorvete também se mostraram positivos.
“Quando avaliada a relação entre consumo de laticínios totais e o risco de morte por doenças cardiovasculares encontramos que o consumo intermediário a alto, ou seja, superior a 219 g/dia para homens e superior a 321 g/dia para mulheres, esteve associado com um risco 62% menor de morte, após 8 anos de acompanhamento dos participantes do ELSA-Brasil”, explicou.
Mas estes dados foram observados, aliados ao consumo do copo de leite na dieta. Agora, o desafio é devolver estes produtos para a mesa dos brasileiros.
Fonte e foto: Globo Minas.