A Polícia Militar (PM) apreendeu, nesta sexta-feira (5/8), 38 cavalos que estavam sendo maltratados em uma fazenda no Bairro Gameleira, em Florestal, Região Central de Minas Gerais. De acordo com o Boletim de Ocorrência, o local é a fazenda Santa Terezinha, do médico Marco Otávio Alves de Assis.
Quando as autoridades chegaram ao local, encontraram os cavalos com estado de saúde crítico, magros, com machucados e doentes. Alguns são da raça Mangalarga Marchador, mas também tinham receptoras (éguas para reprodução) e outros são garanhões.
A Polícia Militar constatou os maus-tratos dentro da propriedade registrando o Boletim de Ocorrência.
Denúncias feitas à ONG
A ONG Brasil sem Tração Animal vinha recebendo denúncias ao longo dos meses porque o médico tinha comprado animais, mas não havia pago.
“Essas pessoas começaram a ir ao local cobrando e ficando preocupadas com o estado dos animais, porque chegaram notícias de que esses animais estavam sendo maltratados. Alguns pediram até os animais de volta”, disse a presidente e fundadora da ONG, Fernanda Braga.
Os vendedores dos cavalos recebiam respostas do médico com desculpas, sem explicar o real motivo da falta de pagamento nem falando sobre os maus-tratos.
“Além disso, ele ameaçava as pessoas pelas entrelinhas na internet, para que não fossem mais à fazenda”, contou Fernanda.
“Quando chegamos na propriedade, um veterinário especializado em cavalos constatou os maus-tratos. Depois, começamos uma verdadeira operação de guerra para retirar aqueles 38 cavalos. Passamos a noite e madrugada capturando animais, tanto em baias quanto no meio do mato. Alguns estavam bem arredios e a 5 km da propriedade”, explicou Braga.
Ademais, uma égua havia fugido, e só foi capturada na manhã de hoje (5/8). A égua estava muito ferida e assustada. Pelas redes sociais da ONG, a presidente relatou melhor sobre o estado de saúde e ofereceu mais detalhes:
Morre potrinha após ter a cabeça pisoteada
Um vídeo gravado na fazenda mostra uma potrinha agonizando após receber vários golpes pelo corpo e principalmente chutes na cabeça, desferidos pelo dono da fazenda, o médico Marco Otávio Alves de Assis. Na gravação é possível ouvir: “olha o que o Marco fez”.
No vídeo gravado por um ex-funcionário da fazenda, ele explica que a potrinha foi agredida porque a sua mãe não queria cruzar com um cavalo trazido pelo dono à fazenda. A potrinha acabou morrendo devido aos ferimentos.
ONG necessita de doações para manter cavalos
Após a apreensão dos animais, a ONG Brasil sem Tração Animal apela por doações, pois os gastos com alimentação e cuidados com veterinário para equinos são muito altos.
Para doações, os cidadãos podem entrar em contato e doar via Pix usando o email : [email protected] ou por este link de apoio.
O que diz a Associação Mangalarga Marchador
A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM) para comentar sobre o caso, já que alguns cavalos da raça estavam entre os apreendidos.
Confira a nota de repúdio, na íntegra:
“A Diretoria da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, entidade com 73 anos de história, repudia de forma veemente qualquer ato desrespeitoso de maus tratos animal.
Entendendo a importância do bem-estar dos cavalos e principalmente dos exemplares da raça Mangalarga Marchador, ressaltamos que a ABCCMM conta com o trabalho de uma Comissão de Ética.
Desde o início da gestão, assumida em janeiro de 2022, a Diretoria da Associação Brasileira dos Criadores do cavalo Mangalarga Marchador está atenta as questões voltadas para boas práticas da criação e manejo.”
*estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira
(foto: Brasil sem Tração Animal/Reprodução)