A mulher acusada de adoecer a filha e de ter dado até chumbinho para a menina para chamar a atenção foi condenada a 12 anos de prisão no Tribunal do Júri de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. O julgamento teve início nesta terça-feira (9), e terminou na madrugada desta quarta-feira (10).
O júri foi presidido pela juíza Arlete Aparecida da Silva Coira da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais. A pena deve ser cumprida, inicialmente, em regime fechado. A mulher respondeu o processo todo em liberdade, e a juíza garantiu a ela o direito de recorrer da setença também em liberdade. A mulher foi condenada pelos crimes de tentativa de homicídio e lesão corporal.
Entenda o caso
A reportagem de O Tempo teve acesso à denúncia feita pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sobre o caso. No documento, consta que a acusada adoeceu a menina por, pelo menos, 8 vezes, entre os anos de 2013 e 2016, fazendo com que ela precisasse ir para o hospital. O inquérito da Polícia Civil foi concluído em março de 2017. Em agosto do mesmo ano, foi feita a denúncia contra a mulher, que atualmente tem 32 anos. A criança, na época dos fatos, tinha entre 2 e 6 anos.
Ainda segundo a denúncia, a mulher dava remédios de uso controlado à criança para fazer com que ela adoecesse. Em 2013, a menina foi diagnosticada com inflamações no sistema nervoso central e com crises convulsivas. Já nos anos de 2014 e 2015, ela foi internada por várias vezes com quadros de sonolência, dificuldade de andar e convulsões.
Ainda no ano de 2014, os médicos encontraram dois comprimidos na boca da menina que não haviam sido ministrados pela equipe médica durante a internação, o que levantou suspeita dos profissionais de que algum familiar estaria medicando a criança.
Em 2016, a menina voltou a ser internada com convulsões, e ficou no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). No dia em que iria receber receber alta, a paciente adoeceu novamente.
Ao realizar os exames, os médicos perceberam que não havia nada de errado com a saúde da criança e começaram a desconfiar que os adoecimentos dela eram provocados por alguém próximo a ela. Naquele mesmo ano, ela voltou ao hospital com pneumonia, queda de saturação, vômitos e excesso de saliva, indicando envenenamento.Foi mostrado à menina comprimidos de chumbinho e ela disse que a mãe tinha colocado aquelas “balinhas” no iogurte dela.
A denúncia do MPMG diz ainda que a mulher não ficou satisfeita com a atenção recebida com a filha doente e decidiu matar a criança. Conforme a denúncia, ela confessou o crime ao escrever uma carta antes de uma tentativa de suicídio. A acusada perdeu a guarda da filha, que ficou com o pai. O julgamento dela ocorru no Fórum de Santa Luzia.
Mulher pode ter síndrome de Munchaüsen por Procuração; entenda a doença
Ainda na denúncia do MPMG, há a suspeita é de a que mulher sofra com a síndrome de Munchaüsen por Procuração, um transtorno psicológico em que a pessoa simula sintomas ou força o aparecimento de doença em outra pessoa para receber uma gratificação pessoal. Pessoas com essa síndrome inventam doenças e vão frequentemente ao hospital.
Um caso de Munchaüsen que ficou conhecido mundialmente e virou até mesmo série é o de Dee Dee Blanchard que adoecia sua filha Gypsy Rose. A menina chegou a ficar na cadeira de rodas por acreditar estar muito doente. Mãe e filha receberam ajuda financeira de várias pessoas e a história de Gypsy comovia os Estados Unidos, mas o que as pessoas não sabiam é que a jovem sofria muito com a mãe.
Aos 18 anos, Gypsy pediu a um namorado que ela conheceu na internet, já que não saia de casa, para matar Dee Dee e foi descoberto que a menina podia andar sem a cadeira de rodas e não estava doente. Dee Dee tinha fraudado laudos médicos e medicava a filha para ela ficar doente. A série ‘The Act’ conta a história das duas.
Fonte: O Tempo.