Minas Gerais registrou a 21ª morte por meningite pneumocócica em 2022 após um bebê de apenas 3 meses não resistir à doença no último domingo (9/10), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, houve um aumento de 40% nos óbitos em comparação a todo o ano de 2021, quando 15 pessoas faleceram em decorrência da enfermidade.
Até esta quinta-feira (13/10), Minas contabilizou 68 casos de meningite pneumocócica em 2022, mais que o dobro dos 29 diagnósticos do ano passado.
De acordo com o doutor Roney Coimbra, especialista em meningite da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o crescimento da doença pode ser explicado pela baixa vacinação dos grupos de risco, como crianças, adolescentes, idosos e pessoas imunossuprimidas.
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“Em decorrência da pandemia, esses anos em que a gente ficou recluso, acabou causando um baixo comparecimento para vacinação, principalmente dos pais que são responsáveis das crianças”.
Em 2010, o Brasil incluiu a vacinação contra a meningite meningocócica e pneumocócica no calendário do Sistema Único de Saúde. A produção das vacinas é feita pela Fiocruz.
O SUS distribui vacinas que cobrem outros sorogrupos além daqueles mais recorrentes no Brasil. A vacinação contra o sorogrupo A, que circula na África e na Ásia, também é importante para que não haja casos no país.
“A gente tem uma queda da cobertura vacinal importantíssima no Brasil para várias doenças, inclusive meningite. Meningite é uma doença extremamente grave que pode levar criança a óbito em 12 horas”, alertou Roney Coimbra. destacando que anteriormente os programas sociais exigiam a caderneta de vacinação.
“Para você ser beneficiário do Bolsa Família você tinha que comprovar, o pai ou a mãe não recebiam o Bolsa Família se não comprovassem que a criança está com o calendário de vacinação em dia”.
Pneumocócica e meningocócica
Os números da pneumocócica em Belo Horizonte quase igualam os registrados no ano passado. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, foram confirmados 77 casos da doença em 2022, ante 77 em 2021.
Os números da meningocócica – variante mais letal e transmissível – também são superiores aos do ano anterior. Até agora houve 51 casos, dos quais 17 causaram mortes.
Sintomas
Caso alguém seja diagnosticado, Roney destaca a importância de “vacinar todo mundo que teve contato ou que pode vir a ter contato com o enfermo”.
“Os parentes devem ficar atentos a sintomas como febre, às vezes acompanhado de uma diarréia. O vômito em jato, rigidez de nuca – você não consegue encostar o queixo no tórax – e perda de reflexo”.
A doença também pode deixar sequelas nas vítimas, que vão de surdez adquirida na infância, cegueira, retardo mental e paralisia cerebral.
Por isso, Coimbra destaca que a vacinação é importante, pois “não existe um tratamento específico da meningite”, ainda que a bactéria seja combatida com antibióticos.
Números
Considerando todas as variantes, Minas Gerais registrou 626 casos de meningite em 2022. Do total, 91 deles resultaram em mortes. No ano passado houve 519 diagnósticos e 51 óbitos.
A Prefeitura de Belo Horizonte destaca a importância da imunização de crianças a partir de 3 meses de idade, seguindo esquema de duas doses, aos três e cinco meses de idade e um reforço aos 12 meses.