Greve dos pilotos e comissários pode impactar retomada do turismo no Brasil

Por Dentro De Tudo:

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Pilotos e comissários de voo anunciaram nesta quinta-feira (5) que vão entrar em greve a partir da segunda (19), a quase uma semana do Natal. A paralisação vai ocorrer das 6h às 8h nos aeroportos de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Porto Alegre, Brasília e Fortaleza, por tempo indeterminado. Eles reivindicam recomposição salarial e melhores condições de trabalho

A companhia aérea Azul disse que não vai comentar sobre a greve. A Latam disse que está em negociação com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) desde o início de setembro para construção do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e aguarda convocação de assembleia pelo sindicato para votação pelos tripulantes da LATAM. “Entendemos que o movimento de greve convocado para o dia 19/12 está relacionado à negociação do Sindicato das Empresas Aéreas (SNEA) e não da negociação do ACT da LATAM”, informou.

Na capital mineira, o impacto da greve será gigante. Em dezembro, cerca de 1 milhão de passageiros estavam previstos para circular pelo Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. No período de férias, haverá um aumento na frequência de voos para para cidades litorâneas, além de viagens para o interior de Minas. A expectativa era de 8,2 mil aeronaves operadas, um número 16% maior na comparação com 2021. 

Os números, divulgados pela BH Aiport, administradora do terminal, representam a retomada de 98% do movimento em relação ao período pré-pandemia, em dezembro de 2019. O terminal vem se tornando um hub e atende mais de 50 destinos nacionais e internacionais. Só neste ano, cerca de 10 milhões de passageiros passaram por Confins. 

Atividades de turismo cresceram 34,5% em 2022

A malha aérea da alta temporada 2022/2023 contará com 163,3 mil voos de dezembro deste ano a março de 2023 em todo o país, segundo levantamento da Abear. 

As atividades de turismo cresceram 34,5% neste ano, de acordo com o Índice de Atividades Turísticas do IBGE, que tem como referência o acumulado do ano em relação a 2021. Os números mostram um avanço de 32% em Minas nos serviços voltados ao setor. Além do  aéreo, a alta foi impulsionada pelo aumento na receita de empresas que atuam nos ramos de locação de automóveis, restaurantes, serviços de bufê, transporte rodoviário coletivo de passageiros e hotéis. 

O setor de turismo projeta um crescimento superior a 50% para 2023, de acordo com dados do boletim da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) 

A projeção foi realizada com base nos resultados do terceiro trimestre de 2022, momento no qual mais da metade das empresas entrevistadas pela Braztoa afirmou ter elevado em 100% (ou mais) o faturamento, em relação com o mesmo período do ano passado.

Categoria reivindica recomposição salarial

Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), a categoria está frustrada com as negociações da renovação da Convenção Coletiva de Trabalho. Eles reivindicam recomposição das perdas inflacionárias, além de ganho real, “tendo em vista os altos preços de passagens aéreas que têm gerado crescentes lucros para as empresas”, explica o SNA em nota. 

Os trabalhadores reivindicam ainda melhores condições de trabalho, o que implicaria na definição dos horários de início de folgas e proibição de alterações nas mesmas, além do cumprimento dos limites já existentes do tempo em solo entre etapas de voos. 

“É importante destacar que as próprias empresas apontam em seus informes ao mercado, assim como também demonstram notícias publicadas na imprensa, que o setor aéreo vem se recuperando aceleradamente, com lucros maiores do que os do período pré-pandemia. Além disso, a procura por passagens aéreas aumentou e os preços impostos aos passageiros subiram drasticamente”, aponta o sindicato em comunicado oficial.

Segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as passagens aéreas estão 40,3% mais caras neste ano. A alta, segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), se deve aos sucessivos aumentos do querosene de aviação (QAV) pela Petrobras.  

Leia na íntegra as notas oficiais

Latam

“A LATAM Airlines Brasil está em negociação com o Sindicato Nacional dos Aeronautas desde o início de setembro para construção do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e aguarda convocação de assembleia pelo Sindicato para votação pelos tripulantes da LATAM. Entendemos que o movimento de greve convocado para o dia 19/12 está relacionado à negociação do Sindicato das Empresas Aéreas (SNEA) e não da negociação do ACT da LATAM”.

Sindicato dos Aeronautas

“Em assembleia realizada nesta quinta-feira (15), pilotos e comissários de voo deliberaram por aprovar a deflagração de greve com início no dia 19 de dezembro de 2022, das 6h às 8h, nos aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Fortaleza, por tempo indeterminado, devido à frustração das negociações da renovação da Convenção Coletiva de Trabalho.

Em respeito à sociedade e aos usuários do sistema de transporte aéreo, os aeronautas farão a paralisação somente por duas horas, sendo assim todas as decolagens iniciarão após às 8h. No entanto, todos os voos com órgãos para transplante, enfermos a bordo, e vacinas, não serão paralisados.

Os aeronautas reivindicam recomposição das perdas inflacionárias, além de ganho real, tendo em vista os altos preços das passagens aéreas que têm gerado crescentes lucros para as empresas. Reivindicam ainda, melhorias nas condições de trabalho para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho, como a definição dos horários de início de folgas e proibição de alterações nas mesmas, além do cumprimento dos limites já existentes do tempo em solo entre etapas de voos.

Desde o início das negociações as empresas não se mostraram dispostas a atender às reivindicações da categoria.

A primeira proposta do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), rejeitada com quase 90% dos votos, atrelava o reajuste salarial pelo INPC à pauta de interesse patronal, como a venda voluntária de folga e a utilização dos dias destinados à ensino a distância para programação de voo.

Na segunda proposta, também rejeitada pelos aeronautas, as empresas admitem conceder o reajuste pelo INPC em todos os itens econômicos, exceto diárias internacionais, além de assegurarem o serviço de hotelaria quando, na execução de escala, os limites de tempo em solo forem excedidos. Também especificaram regramento para antecipação do Passe Livre e propuseram a utilização de sábados, domingos e feriados para o início do gozo das férias. No entanto, os tripulantes entenderam que esta proposta não atende às expectativas e pouco versa sobre a pauta da categoria.

É importante destacar que as próprias empresas apontam em seus informes ao mercado, assim como também demonstram notícias publicadas na imprensa, que o setor aéreo vem se recuperando aceleradamente, com lucros maiores do que os do período pré-pandemia. Além disso, a procura por passagens aéreas aumentou e os preços impostos aos passageiros subiram drasticamente.

No entanto, as empresas continuam intransigentes, se recusando a conceder uma remuneração mais digna aos tripulantes, além de propor que pilotos e comissários trabalhem mais horas.

Os pilotos e comissários de voo do Brasil contam com a compreensão da sociedade e com o bom senso das companhias aéreas para evitar transtornos.”

Nota do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA)

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) emitiu um comunicado ainda nesta quinta-feira (15). No documento, a instituição destaca detalhes das recentes negociações, enumera fatores que influenciaram negativamente o setor nos últimos anos e alega que, até o momento, não recebeu contraproposta da SNA referente ao que foi ofertado na última assembleia. 

Veja a íntegra do comunicado: 

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) vem a público esclarecer as questões acerca do movimento de greve anunciado pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).

Primeiramente, o SNEA destaca que as negociações recentes buscam assegurar a continuidade da prestação dos serviços essenciais de transporte aéreo para a população e o direito dos clientes de viajar, especialmente neste período de alta temporada.

Cabe esclarecer que o preço das passagens foi fortemente afetado nos últimos anos por conta de pandemia, conflitos na Europa, desvalorização do real frente ao dólar e aumento do preço do petróleo. O querosene de aviação (QAV) aumentou 118% na comparação com o ano de 2019 e hoje representa mais de 50% dos custos, que por sua vez têm uma parcela de cerca de 60% dolarizada.

Desde a primeira reunião de negociação, o SNEA assegurou todos os direitos da Convenção Coletiva e ao longo do processo negocial, se mostrou aberto ao diálogo sempre com respeito aos profissionais que fazem parte do setor aéreo.

A última proposta do SNEA, que foi reprovada em assembleia, propunha reajuste de 100% do INPC no salário, diárias nacionais, seguro de vida e vale alimentação, além de garantir a data base 01/12 e todas as cláusulas financeiras e sociais da Convenção Coletiva enquanto as negociações estivessem em curso. Até o momento, o SNEA não recebeu nenhuma contraproposta do SNA.

O SNEA acredita que as categorias profissionais podem defender seus interesses por todos os meios legítimos, desde que esgotada a via negocial e observada a legalidade.

Fonte: O Tempo.

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