Acertar as seis dezenas da Mega da Virada não é tarefa fácil. Em uma aposta simples, quando o apostador escolhe apenas seis dezenas, a chance de ter escolhido o conjunto sorteado entre os 60 números disponíveis é de uma em mais de 50 milhões de combinações.
Para aumentar as possibilidades, é possível escolher mais números para uma mesma aposta, mas isso custa mais caro do que os R$ 4,50 de um bilhete simples.
Há também quem use a superstição na hora de jogar, como escolher uma casa lotérica específica, os números de sempre, datas de nascimento ou até mesmo jogar com dezenas que mais saíram historicamente.
Contudo, matemáticos dizem que, estatisticamente, isso não faz diferença.
No próximo dia 31, a Mega da Virada promete pagar um prêmio de pelo menos R$ 300 milhões. Especialistas afirmam que escolher seis ou 15 dezenas —o máximo permitido pela Caixa— depende mais de quanto do padrão de jogo buscado pelo apostador e de quanto ele está disposto a gastar.
“O ser humano encontra padrão em tudo, não é à toa que, quando a gente olha para o céu, vemos nuvens em formatos de rostos, animais etc. Isso está mais ligado ao que estamos querendo encontrar. No jogo é assim também, todas as apostas têm rigorosamente a mesma chance de sair”, afirma Régis Varão, professor de matemática da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Ainda segundo ele, fazer mais jogos ou ter um jogo com mais dezenas são medidas de igual efeito e a Caixa faz a conta para que nenhum apostador seja mais favorecido que outro.
As chances são as mesmas fazendo uma única aposta com sete números no valor de R$ 31,50 ou fazendo sete apostas simples [com seis dezenas cada uma] gastando os mesmos R$ 31,50 [R$ 4,50 cada uma]. O raciocínio vale para todas as opções disponíveis.
Régis Varão, professor de matemática da Unicamp
Ao fazer uma aposta com o máximo possível de números (15), terá um gasto de cerca de 5.000 vezes mais do que com uma aposta simples. Pagando mais, as chances de acertar a sena passam para uma em cerca de 10.000, e não mais de 50 milhões.
Para Marinho Gomes de Andrade Filho, professor de matemática do ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação) da USP (Universidade de São Paulo), as probabilidades dos números são as mesmas, desde a aposta simples até 15 dezenas.
“Todos os números têm a mesma chance de ocorrer. Nada assegura que uma ou outra dezena terá chance maior. Depende da escolha do apostador”, diz Marinho.
Bolões aumentam chances; jogar em lotéricas diferentes, não
É comum as apostas da Mega da Virada serem feitas em bolões —seja no âmbito familiar ou no trabalho. Segundo a matemática, as chances dos bolões aumentam dependendo da distinção de números e em diferentes cartões.
“Os bolões aumentam de fato as chances de ganhar. Mas, como tudo na vida tem um preço, você aumenta a sua chance, mas por outro lado irá dividir o prêmio com mais pessoas. Os R$ 300 milhões dão para dividir com muita gente e ainda sobra muito dinheiro, então podemos dizer que é uma estratégia melhor do que jogar sozinho”, diz Varão.
No entanto, os matemáticos afirmam que estratégias específicas dos apostadores, como escolher lotéricas diferentes ou usar números com mais saídas na Mega-Sena, não surtem efeitos na hora do sorteio.
“Não faz diferença jogar em uma outra casa lotérica. O apostador pode ir na mais próxima ou mais distante, mas as chances serão as mesmas. Assim como as dezenas com mais saídas têm probabilidades iguais”, afirma o professor da Unicamp.
Marinho confirma a afirmação. “A casa lotérica não influencia no jogo. Do interior à capital, as chances são similares. Também não existe uma diferença entre números que já saíram anteriormente com um sorteio que irá ocorrer.”
Segundo a Caixa, o apostador pode fazer um bolão de duas a cem cotas. Cada cota pode custar pelo menos R$ 5. Na Mega-Sena, os bolões são de, no mínimo, R$ 10.
