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Estudos de comportamento digital ajudam a detectar fraudes

Por Dentro De Tudo:

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O que diria o seu mouse – ele mesmo, do seu computador – se pudesse falar sobre você? Para um grupo de cientistas, os movimentos que fazemos com ele podem indicar o nosso nível emocional e até mesmo se estamos cometendo um crime.

Existem duas curiosidades sobre esses trabalhos. A primeira é que, apesar de recentes, com cerca de dez anos, essas pesquisas utilizam o conhecimento obtido sobre o comportamento do consumidor ao longo dos últimos 80 anos.

É uma vasta literatura, que esmiúça as nossas emoções, dúvidas, impulsos, reações e toda sorte de caminhos subliminares para influenciar nosso comportamento, fazer comprar.

Com esse enorme conjunto de dados, os cientistas foram buscando padrões repetitivos, assinaturas comportamentais que indicam alegria, tristeza, medo, raiva, aversão e surpresa.

Esses seis sentimentos, segundo um estudo da década de 1970, são compartilhados por toda a humanidade. Nem sempre, porém, aparecem abertamente em nossos rostos.

Daí que pistas precisam ser encontradas. Seja em uma sutil expressão facial, posição corporal, gestos ou ações, como a forma de se pentear ou usar um mouse.

Nesse caso, o objetivo é a detecção precoce de fraudadores on-line, responsáveis por parte de um prejuízo mundial de mais de R$ 50 bilhões ao ano – cifra oficial e obviamente subestimada.

É aí que entram os pesquisadores da Universidade de Colônia, na Alemanha. Após uma palestra sobre o comportamento do consumidor, os estudiosos foram abordados para saber se era possível aplicar esse conhecimento contra fraudes.

Desafio aceito, eles decidiram analisar o uso do mouse. Com o tempo, cruzamentos de dados e ajuda de inteligência artificial permitiram detectar alguns padrões.

Testes demonstraram que os usuários com intenções fraudulentas costumam ser muito mais lentos e fazem mais desvios com os movimentos do mouse do que os usuários honestos. A diferença, apontam os autores do levantamento, se dá porque em movimentos objetivos, como passar o cursor do mouse sobre uma aba, o cérebro ajusta a velocidade dos usuários para que isso seja feito da forma mais rápida e eficiente possível.

No entanto, os fraudadores sempre têm uma outra intenção em mente, à qual devem se ater ao dar cada passo. Isso sobrecarrega o cérebro que, por sua vez, pode levar a hesitações que se traduzem em movimentos mais longos do mouse.

Ah, para não esquecer: a segunda curiosidade é quase uma ironia. Estudos como esses também são utilizados para melhorar a relação entre os humanos e as máquinas, como os computadores.

Estes, com o tempo, poderão ser comandados a partir do mais tênue gesto nosso, eliminando a necessidade de aparelhos como teclados ou mesmo mouses, e assim gerando mais padrões e chaves para se decifrar até os mais íntimos segredos.

Na década de 1940, o marketing de vendas virou ciência e decifrar o comportamento do consumidor se tornou uma tarefa, entre outras, para biólogos, psiquiatras, antropólogos, filósofos e neurocientistas. Foram tantas as informações obtidas que, no ano passado, os institutos de pesquisa alertaram para a necessidade de compilar essas publicações, sob pena de tornar muito difícil a disseminação de tanto conhecimento.

Na década de 1950, 7% dos artigos científicos nos Estados Unidos eram sobre pesquisa do consumidor. Já nos anos 80 e 90, quase 40% crescem ano a ano. O uso da internet abriu uma nova e ampla fronteira, onde cada acesso, cada clique, gera inúmeros dados, reduzindo, paulatinamente, a privacidade.

Fonte: A tribuna.

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