Estátua de Juquinha, na Serra do Cipó, tem promessa de preservação

Por Dentro De Tudo:

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Boa notícia para os admiradores da Serra do Cipó, na Região Central do estado, e de um personagem muito simpático do paraíso ambiental dominado por montanhas, rios e vastidão verde: a figura do Juquinha, homenagem esculpida em argila, há 35 anos, pela artista plástica Virgínia Ferreira em Santana do Riacho, num descampado a alguns metros da estrada principal. Depois de muitos anos de expectativas e incertezas quanto ao futuro da estátua, uma empresa que atua na região comprou o terreno onde ela fica a fim de preservar a área e o monumento que dá boas vindas aos visitantes. 

O prefeito de Santana do Riacho, Fernando Burgarelli (Democratas) disse ontem que aguarda o tombamento pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) para maior proteção de Juquinha, um dos principais atrativos turísticos do município, mas ainda aguarda informações oficiais sobre a compra do terreno para conhecer as reais intenções da empresa.

De acordo com a direção do Iepha, o dossiê sobre o Juquinha passa por análise técnica, mas por ora sem definição. Em 2019, a Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais, que reúne 30 municípios, encaminhou um dossiê ao Iepha-MG para tombamento da peça de 3 metros de altura. Um dos pontos citados era que “o Juquinha estava bem judiado, com um dedo quebrado, e seria fundamental a ação do estado para protegê-lo, evitar maiores danos e garantir a manutenção”. O então prefeito de Santana do Riacho, André Ferreira Torres, queria aliar o tombamento estadual à desapropriação da área que recebeu a escultura em 1987, três anos após a morte, aos 70 anos, do homem batizado José Patrício.

Torres explicou que havia uma disputa entre herdeiros da propriedade particular na região em que ficava a estátua, mas já tinha conversado com um deles, dono de um restaurante, e pedido para não vedar a visitação dos turistas. A imagem do Juquinha, com seu sorriso, está bem viva na cabeça da escultora Virgínia Ferreira, nascida em Conceição do Mato Dentro e formada na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA/UFMG). “Era um homem do mundo, um andarilho, por isso a escultura foi instalada num ponto de intercessão entre Santana do Riacho, Conceição do Mato Dentro e Morro do Pilar”, contou Virgínia, afirmando que via em Juquinha “uma pessoa ingênua.” 

Ideia, na década de 1980, dos ex-prefeitos de Conceição do Mato Dentro (Sebastião Soares dos Santos) e de Morro do Pilar (Clério Lima) a peça ganhou contornos pelas mãos de Virgínia, então recém-formada e com especialização em escultura. Durante um ano, a artista trabalhou na Serra do Cipó. Para modelar, foram necessários dois caminhões de argila, doados pelas prefeituras, e usada uma fôrma de gesso com 26 partes. A montagem foi no próprio local.

Icônico

De acordo com o dossiê enviado ao Iepha, Juquinha é um patrimônio mineiro e uma das imagens “mais icônicas e inusitadas de Minas”, estando instalada no mesmo local em que o “lendário personagem” viveu às margens da rodovia MG-10, a 120 quilômetros de Belo Horizonte. Conforme pesquisas baseadas em depoimentos de quem conheceu José Patrício, tratava-se de alguém “simples, amável e cordial”.

O documento entregue ao Iepha registra: “Passeava pelos caminhos da Serra do Cipó distribuindo flores e gentileza, e se tornou uma espécie de guardião da Serra do Cipó quando o lugar não era tão conhecido como destino turístico. Juquinha foi, com toda certeza, uma das primeiras figuras a povoar o imaginário popular quanto aos atrativos que começavam a propalar dentro do destino turístico da Serra do Cipó”. 

Localizada na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço e um dos atrativos do Circuito Turístico da Serra do Cipó, em meio à natureza exuberante do Cipó, ao ar livre, a escultura já se tornou uma referência para quem segue viagem para outras cidades da Região Central e do Vale do Jequitinhonha.

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