Formalizar-se como microempreendedor individual (MEI) dá acesso a uma série de benefícios, como aposentadoria por idade, auxílio por incapacidade temporária e salário-maternidade para quem teve filhos recentemente. Mas ser MEI não garante o mesmo descanso de quem trabalha no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Uma nova pesquisa do Sebrae Minas, divulgada nesta segunda-feira (22/05) para marcar os 15 anos da instituição da modalidade, demonstra que a maioria dos microempreendedores individuais vivem uma rotina de muitas horas de trabalho sem perspectiva de folga.
Quase um quinto dos MEIs afirmam que optaram pela alternativa devido à flexibilidade, à independência e à autonomia. Na prática, isso pode significar uma jornada de trabalho mais longa do que a de empregados de uma empresa. A maior parte dos MEIs mineiros (67%) trabalha mais de oito horas por dia e 69% não costumam tirar férias. O trabalho seis dias por semana é rotina para 34% dos entrevistados — mas um volume similar, 31%, consegue trabalhar cinco dias ou menos por semana.
O ritmo de trabalho é intenso especialmente no começo do negócio, avalia a analista do Sebrae Minas Laurana Viana. “Apesar de poder ter um empregado, a grande maioria dos MEIs não têm e atua sozinha. Isso leva a ser impossível dividir tarefas. Não é a produção que leva esse tempo, mas o atendimento ao público. Detalhes simples, como ter um WhatsApp Business com seu horário de atendimento para não precisar responder na hora, ajudam”, pontua.
O cenário pode ser mais duro para as empreendedoras, já que, em muitos lares, a responsabilidade de cuidar da casa e da família, além do negócio, recai sobre as mulheres, lembra a analista do Sebrae Minas Viviane Soares. “Às vezes, a mulher se envolve em atividades por culpa, achando que tem a obrigação de fazê-las. Precisamos parar e pensar na qualidade do tempo. É importante eliminar coisas que não fazem sentido, porque, às vezes, por culpa de estar trabalhando e não estar com a família, as pessoas acabam usando o tempo de uma forma sem qualidade”, diz.
De acordo com a pesquisa do Sebrae, 68% dos MEIs planejam manter seu negócio nos próximos dois anos e somente 6% declaram que deixarão de empreender. Já em uma pesquisa nacional publicada em 2022 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sete em cada dez autônomos declararam que prefeririam ser funcionários de uma empresa.
MEIs recebem até R$ 3.000
Os MEIs podem receber, no máximo, R$ 81 mil anuais — R$ 6.750 mensais, em média. Mas, na prática, metade recebe no máximo R$ 3.000 em Minas, revela o novo levantamento do Sebrae. Um quarto (26%) faturam acima de R$ 5.000 por mês.
Para 77% dos microempreendedores individuais, o negócio é a principal fonte de renda. E, na edição do estudo deste ano, subiu de 53% para 67% o total daqueles que declaram que o negócio é financeiramente sustentável.
Semana do MEI
De segunda até sexta-feira (26/05), o Sebrae promove a Semana do MEI. Durante os cinco dias de evento, tanto pessoas que ainda não são microempreendedoras individuais quanto as que já estão na categoria podem tirar dúvidas e assistir a palestras sobre regras do regime, dicas de produtividade com especialistas gratuitamente. A programação completa está disponível no site www.sebrae.com.br/semanadomei.
O Sebrae Minas também lançou, nesta semana, uma plataforma com conteúdos gratuitos de orientação aos empreendedores. São dezenas de cartilhas com dicas práticas, especialmente sobre como lidar com as burocracias do dia a dia. Os conteúdos estão disponíveis gratuitamente no endereço www.sebraeplay.com.br.
Fonte: O Tempo.