Uma glândula com forma de borboleta (com dois lobos) e localizada na parte anterior do pescoço é responsável por garantir o equilíbrio do corpo e metabolismo humano: a tireoide. Pequeno em tamanho, mas com funções tão importantes para o cérebro, coração, fígado e rins, o epitélio ganhou uma data, 25 de maio, para conscientização da população sobre seus problemas e desafios. Para marcar o dia, a Regional Minas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) promoverá diversas atividades durante esta semana. (veja no fim da matéria).
A glândula produz substâncias essenciais para o funcionamento do organismo, como os hormônios – T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). Então, quando a tireoide não está funcionando normalmente, ela pode produzir mais ou menos quantidade de hormônio. Essas alterações podem ocorrer em qualquer período da vida, desde o nascimento da criança até a velhice, afetando tanto mulheres como homens.
De acordo com a SBEM, quando a produção da glândula é insuficiente, temos o hipotireoidismo, e todo o organismo começa a funcionar lentamente: coração mais devagar, metabolismo mais lento, aumento de peso, constipação intestinal, pele seca, sonolência, falta de concentração e memória, cansaço e às vezes depressão, dentre outras alterações.
Já quando quando a glândula produz além da quantidade necessária de substâncias, é detectado o hipertireoidismo, e o organismo se torna mais acelerado. O coração aumenta o número de batimentos podendo apresentar arritmias graves; a pele fica mais úmida, provocando muito calor e suor, e a pessoa detecta sinais de irritabilidade, mau humor, insônia, tremores, cansaço, perda de peso, e outros mais.
Nos dois casos, o volume da glândula aumenta, o que é conhecido como bócio. A SBEM estima que 60% da população brasileira tenha nódulos na tireoide em algum momento da vida. Porém, isso não significa que os tumores sejam malignos. Cerca de 5% apenas são cancerígenos. Em ambas situações, na maioria das vezes, são usados medicamentos que regulam a produção dos hormônios.
A presidente da Sbem MG, Flávia Maia, explica que os nódulos da tireoide são super comuns. “Quase metade das pessoas do mundo inteiro pode ter algum, e na maioria das vezes não significa nenhum problema para a pessoa. Se ele for pequenininho, não atrapalhar para engolir, não tem nenhum problema. Então, a gente tem que avaliar direitinho.”
A especialista também destaca que nas fases iniciais do câncer, geralmente, o nódulo pode passar despercebido, mas com o seu crescimento, ele se torna palpável e pode ser detectado, devendo ser realizado o exame físico. “Em geral, o tratamento em estágios iniciais envolve a retirada da glândula e leva à cura na maioria dos casos. Em fases mais avançadas, podem ocorrer aumento de gânglios linfáticos, tosse persistente, rouquidão e dificuldade para engolir,” enfatiza Maia.
Veja mitos e verdades sobre os distúrbios da tireoide, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM):
1- Hipotireoidismo engorda
Mito: embora o ganho de peso seja uma das manifestações clínicas do hipotireoidismo, existem muitos pacientes com disfunção da tireoide que não apresentam esta queixa. Quando ocorre, o ganho de peso é pequeno, de cerca de 2Kg, e o tratamento reverte totalmente este efeito do hipotireoidismo.
2- Hipotireoidismo causa depressão
Verdade: metade dos pacientes com hipotireoidismo apresentam sintomas depressivos e até mesmo depressão, e um terço dos que têm depressão têm hipotireoidismo. Os hormônios tireoidianos agem nos sistemas noradrenérgico e serotoninérgico que são importantes para o humor, assim como em várias áreas do cérebro, sendo importante para memória, raciocínio, libido, sono-vigília, entre outros. Portanto pacientes com hipotireoidismo devem ser avaliados quanto à alteração de humor e pacientes com depressão devem ter a função tireoidiana avaliada.
3- Hipotireoidismo faz perder cabelos
Verdade: tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem ser causas de queda de cabelo. Estas alterações da tireoide podem ser diagnosticadas através de exames laboratoriais. O tratamento correto das doenças da tireoide pode corrigir a perda capilar.
4- Hipotireoidismo atrasa o metabolismo
Verdade: pessoas com hipotireoidismo sofrem a redução da sua atividade metabólica. Sendo assim, o organismo gasta menos energia, além de reter mais sal e água, provocando o inchaço.
5- Hipotireoidismo não afeta a qualidade de vida
Mito: se não tratado ou tratado de forma inadequada o hipotireoidismo vai alterar de forma importante a qualidade de vida, pois causa infertilidade, cansaço, sonolência, alterações humor e memória e ganho de peso o que com certeza prejudica o desempenho no trabalho, no lazer e atividade intelectual.
6- Todo nódulo de tireoide é câncer
Mito: o principal sinal do câncer de tireoide é um caroço (nódulo) na tireoide, porém em boa parte dos casos, esse tumor não apresenta qualquer sintoma. É comum o médico descobrir o nódulo durante um exame físico de rotina. O diagnóstico do câncer de tireoide é feito com uma biópsia ou após sua remoção por cirurgia. Mas a maioria dos nódulos é benigna.
7- Hipotireoidismo só surge em mulheres
Mito: o hipotireoidismo atinge pessoas de ambos os sexos e de todas as idades. Porém, certos grupos são mais vulneráveis:
– mulheres, especialmente acima dos 40 anos.=;
– pacientes previamente submetidos à rádio ou iodoterapia;
– pessoas que já tiveram problemas de tireoide;
– usuários de lítio ou amiodarona;
– homens acima dos 65 anos;
– pessoas com histórico familiar de doença autoimune;
8- Hipotireoidismo pode interferir na função sexual
Verdade: a doença não tratada pode cursar com diminuição da libido, impotência e diminuir a fertilidade
9- Só idosos desenvolvem hipotireoidismo
Mito: apesar de ser mais comum em pessoas acima de 40 anos, o hipotireoidismo pode ocorrer em todas as fases da vida. Crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos podem ser acometidos pela doença.
10 – Eu posso controlar o hipotireoidismo com alimentação
Mito: pacientes com hipotireoidismo podem se beneficiar de uma dieta mais específica para a redução de sintomas comuns à doença como inchaço, fadiga, enfraquecimento de unhas e cabelos, ao mesmo tempo em que ajuda na redução ou manutenção do peso. Porém, nenhum alimento, suplemento alimentar nem qualquer fórmula é capaz de substituir o tratamento clínico da doença.
11- Alimentação ajuda na redução dos sintomas do hipotireoidismo
Verdade: existem alimentos e nutrientes que podem contribuir para uma melhor qualidade de vida para os pacientes de hipotireoidismo e também alguns que devem ser evitados. O consumo excessivo de sal, por exemplo, pode ser nocivo porque o sal de cozinha é iodado por força de lei com o intuito de prevenir o déficit de iodo. O excesso de sal pode prejudicar a tireoide. Uma dieta saudável para pacientes com hipotireoidismo inclui grãos integrais, alimentos naturais, castanhas, abundância de frutas e vegetais e uma boa oferta de proteínas magras. Importante lembrar que, no hipotireoidismo, a boa alimentação deve ser sempre associada ao tratamento clínico.
12- Todo mundo que tem hipotireoidismo, tem um “papo” no pescoço
Mito: existem algumas formas (causas) de hipotireoidismo e nem todas apresentam o bócio (“papo”). Além disso, em geral, os outros sintomas da doença normalmente levam o paciente a procurar ajuda médica antes que a doença progrida até este ponto.
13- Mulheres com hipotireoidismo não podem engravidar
Mito: doenças da tireoide não tratadas podem levar a problemas de fertilidade em ambos os sexos. Tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem atrapalhar também a manutenção da gestação.
Destaca-se, porém, que caso a mulher já tenha sido diagnosticada com hipotireoidismo e venha controlando a doença, as chances de engravidar e ter uma gestação saudável são equivalentes às de uma mulher que não tenha a doença.
14- Hipotireoidismo pode causar distúrbios neurológicos em crianças
Verdade: o hormônio da tireoide é fundamental para o desenvolvimento do cérebro do bebê. As crianças que nascem com hipotireoidismo congênito (sem função tireoidiana ao nascer) podem ter sérias sequelas cognitivas, neurológicas e de desenvolvimento, caso o problema não seja identificado e controlado precocemente.
15- Hipotireoidismo pode ser detectado pelo Teste do Pezinho
Verdade: retira-se uma gota de sangue do pé do bebê no terceiro dia de vida. O exame ajuda a verificar se a tireoide do bebê está funcionando bem, além de atestar a ocorrência de outras doenças. Se o hipotireoidismo congênito for controlado de forma adequada e precocemente, a criança leva uma vida normal.
16 – Tomar hormônio tireoidiano é bom para emagrecer
Mito: Não. É absolutamente contraindicado e perigoso para a saúde o uso do hormônio tireoidiano sem o diagnóstico de hipotireoidismo. O excesso de hormônios acelera a reabsorção do cálcio do osso, o que leva ao enfraquecimento do esqueleto, além de arritmias cardíacas que eventualmente podem ser até fatais.
17 – Todo nódulo na tireoide precisa ser operado
Mito: a maior parte dessas alterações é benigna, logo, não precisam ser removidas. Porém, caso o médico suspeite de um câncer, a cirurgia pode ser indicada.
18 – Hipotireoidismo reduz o desempenho físico.
Verdade: devido à redução do metabolismo, quem sofre com o distúrbio da tireoide ‘funciona’ mais lentamente. Com isso, tanto as atividades físicas, especialmente em atletas profissionais, quanto o desempenho sexual e intelectual ficam comprometidos. Daí a dificuldade para trocar a caminhada pela corrida, por exemplo, e raciocinar ou tomar decisões mais rapidamente. A boa notícia é que a reposição hormonal reverte todos esses sintomas.
19- Há riscos do hipotireoidismo na gestação
Verdade: para uma gravidez tranquila é essencial que a glândula funcione direito, especialmente nas 12 primeiras semanas, período em que alguns hormônios da futura mãe diminuem e outros passam a ser fabricados, a placenta começa a se formar e o bebê desenvolve seus principais órgãos. O hipotireoidismo não controlado adequadamente pode causar parto prematuro, defeitos neurológicos, QI abaixo do normal, surdez e até aborto.
20- É importante fazer ultrassom uma vez por ano para ter o diagnóstico de câncer de tireoide
Mito: o exame é bastante sensível e, por isso, acaba rastreando até mesmo os nódulos que não são malignos e, com isso, pode levar a preocupações desnecessárias. O melhor teste para diagnosticar disfunções tireoidianas é a dosagem de TSH, feita a partir do sangue e que deve ser colhido pela manhã.
Atividades para marcar a data
A Regional Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia promoverá diversas atividades para celebrar o Dia Internacional da Tireoide. Confira:
Encontro científico com especialistas
Data: 25 de maio
Horário: 19h30
Local: Somente online para Associados SBEM.
Campanha no Shopping
Data: 26 de maio
Horário: 12h às 17h
Local: Bolulevard Shopping, segundo piso
Ação: Distribuição de folhetos informativos, orientações e palpação do pescoço para a indicação de possíveis alterações.