A partir desta segunda-feira (26), escolas particulares de educação infantil de Belo Horizonte podem voltar às aulas presenciais, depois de um ano e um mês fechadas por causa da pandemia de Covid-19. O retorno só será possível para crianças de até 5 anos e deve ser facultativo – cada família vai decidir se este é o momento certo para a criança voltar à sala de aula.
O retorno também é aguardado pelas próprias instituições de ensino. O Sindicato das Escolas Particulares (SInep-MG) estima que 80% devem voltar já nesta segunda. O restante prevê o retorno para o dia 3 de maio, junto com as Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs). (Veja mais sobre a rede municipal abaixo).
“As escolas e educação infantil são as que mais sofreram durante a pandemia. Nós calculamos que 40% encerraram as atividades ou nem iniciaram, por falta de matrículas. Existe expectativa muito grande para a retomada novamente”, disse a presidente do Sinep-MG, Zuleica Reis.
Para que a volta ocorra com segurança, as escolas particulares receberam orientação de especialistas da Associação Mineira de Epidemiologia e Controle de Infecções (Ameci), ainda em junho do ano passado. Segundo Zuleica, este planejamento possibilitou a adaptação bem antes do retorno, já que o protocolo final elaborado pela prefeitura foi publicado somente no último sábado.
É o caso de um colégio particular que tem duas unidades na Região Centro-sul de Belo Horizonte. Segundo a diretora de ensino, Cléa Prado, as adaptações foram feitas na expectativa de que o retorno ocorresse ainda em agosto de 2020.
Nos dois colégios, foram colocadas indicações no piso e seis pias para higienização logo na entrada. Também foram colocados dispensers de álcool gel na porta das salas de aula.
“Nós vimos que as crianças estão cada vez mais com a saúde emocional abalada. Então, ampliamos duas situações. Os professores vão usar capas de chuva para conseguir pegar os pequenos no colo. É uma forma de protege-los e de proteger a nós mesmos. Também preparamos atividades para os meninos voltarem a conviver numa pequena cidade que tem dentro do colégio. É uma chance de voltarem a viver no espaço social”, disse a diretora.
De acordo com Cléa, a adesão para o retorno tem sido grande entre os pais. “Primeiro porque não adaptaram às aulas remotas. A maioria já voltou a trabalhar e tem dificuldades de deixar com outras pessoas. Além disso, percebem que o desenvolvimento das crianças está atrasado em relação ao que deveria estar. Eles não estão tendo interação com crianças da mesma idade”, afirmou.
Mas entre os professores ainda há receio. Na sexta-feira (23), profissionais da rede municipal e de escolas particulares realizaram um ato contra a volta às aulas presenciais na cidade. O protesto ocorreu em frente à prefeitura, no centro da capital.
A presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas), que representa docentes da rede privada, Valéria Morato, destacou, durante o ato, que a volta às aulas presenciais significa milhares de pessoas a mais circulando na cidade.
“Queremos aula presencial, porque educação se faz de forma presencial, mas precisamos estar vivos e, neste momento, o que vale é garantir a vida, e não o retorno”, afirmou na ocasião.