O mês de junho é o mês do amor, mas também é o mês de reflexão, já que no dia 12 de junho comemoramos o Dia de Conscientização da Cardiopatia Congênita. Mas o que é Cardiopatia Congênita (CC)? As CC são malformações cardíacas que ocorrem durante a formação do bebê dentro do útero materno. Embora para alguns o termo seja desconhecido, este tipo de anormalidade é extremamente frequente acometendo 1 em cada 100 crianças que nascem e em 80% dos casos ocorreram em casais sem nenhum fator de risco detectável. E qual a consequência de um bebê nascer com alguma cardiopatia congênita?
Embora a maioria das cardiopatias sejam consideradas simples, ou seja, de resolução espontânea ou tratáveis através de procedimentos intervencionistas (cateterismo cardíaco) ou através de cirurgias de baixa complexidade, até 30 % das doenças cardíacas podem apresentar evolução extremamente grave após o nascimento ocupando a triste posição de 3ª causa de óbito após o nascimento. Segundo dados do Ministério da Saúde, nascem no Brasil cerca de 23.000 crianças por ano com uma cardiopatia congênita, porém, poucas conseguem ser atendidas em centros especializados.
O mês de junho é o momento de celebrar as conquistas conseguidas no tratamento cada vez mais das cardiopatias congênitas, mas também temos que usar essa data para conscientizar a população sobre as doenças cardíacas congênitas e sobre a importância do diagnóstico de maneira precoce.
Mas como diagnosticar uma cardiopatia congênita? Idealmente, o diagnóstico de uma CC deveria ser ainda em fase intrauterina. O coração do feto está completamente formado a partir de 8 semanas e as alterações cardíacas podem ser detectadas de forma tão precoce quanto 18 semanas de gestação.
Já a ultrassonografia fetal, um exame realizado por especialista em coração fetal, consegue detectar aproximadamente 98% dos DCC e até 100% dos defeitos cardíacos graves. O ideal é que ela seja realizada por volta da 26ª semana de gestação ou mais precoce caso o ultrassom morfológico suspeite de alguma alteração. O objetivo da Ecocardiografia fetal não é o tratamento de uma cardiopatia em fase fetal, embora isto possa ser feito em alguns tipos de cardiopatia, a maior contribuição da ecocardiografia é o de ter tempo para programar o nascimento do bebê em um centro de referência reduzindo o stress com transferência inter- hospitalar além de acolher os familiares fragilizados diante do diagnóstico de uma CC. Muitas vezes, estes bebês nascem e saem das maternidades sem um diagnóstico de CC e neste caso o pediatra pode detectar alguma alteração e encaminhar estas crianças para avaliação cardiológica.
Dra. Cristiane Martins, coordenadora da cardiologia pediátrica do Biocor Instituto/Rede D’Or e Presidente do Departamento de Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC