Aos 43 anos, Rachel Rodrigues vive em constante exaustão. Empresária, divorciada e mãe de duas crianças, de 4 e 7 anos, ela assumiu integralmente a rotina de cuidados diários e a educação dos filhos, mas admite que, em alguns momentos, gostaria de jogar tudo para o alto. “Eu me sinto esgotada. Fica tudo nas minhas costas, é muita pressão. Já pensei mil vezes em desistir. Já pensei em morrer”, desabafa a mãe, que mora mo bairro Esplanada, na região Leste de BH.
Assim como ocorre com Rachel, a exaustão extrema provocada pela extensa lista de responsabilidades ligadas à criação dos filhos tem levado mães e pais a desenvolverem burnout parental, uma condição psicológica que tem como principal característica o esgotamento emocional.
A condição será mapeada pela primeira vez no país por um estudo desenvolvido pela pesquisadora Ana Letícia Senobio dos Santos, mestranda da pós-graduação em psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela criou um formulário online para colher dados sociodemográficos e de saúde mental dos pais. Ao final do preenchimento, o questionário indica se o entrevistado sofre com algum grau de burnout parental.
Segundo Ana Letícia, o burnout parental afeta principalmente mães e se diferencia do estresse do dia a dia pela intensidade e a frequência dos sintomas. “No burnout parental, o esgotamento é muito mais recorrente e intenso. Há extrema exaustão do papel de pais, dificuldade de sentir prazer ao realizar tarefas e distanciamento emocional em relação aos filhos”, descreve.
Ela esclarece que, como o burnout parental pode impactar a saúde mental dos filhos e trazer problemas físicos e mentais aos pais, é preciso buscar ajuda: “A pessoa pode desenvolver dificuldade para dormir, irritabilidade, dificuldade para se acalmar, depressão e ideias suicidas, comportamentos de vícios e compulsões”.
Para Raquel, encontrar apoio psicológico tem sido fundamental para manter a boa relação com os filhos. “Quando você não se cuida, acaba transferindo toda essa carga de estresse para as crianças. Com a terapia, consegui entender que a sobrecarga existe, e (está) tudo bem se eu não der conta”, comenta.
Rede de apoio é essencial
Cercar-se de uma rede de apoio composta por familiares e amigos dispostos a prestarem auxílio sempre que necessário é fundamental para que pais não desenvolvam burnout parental, avalia a psicóloga Carol Campos, especialista em desenvolvimento humano. “Pedir ajuda é muito importante”, aconselha.
Ela sugere que os pais identifiquem pessoas confiáveis que possam ajudar nas tarefas do dia a dia, como levar um filho à escola ou ficar com a criança por algumas horas para que a mãe vá ao médico, faça compras ou frequente um salão de beleza, por exemplo.
Carol lembra ainda que a rede de apoio tem como base a reciprocidade. “Peça ajuda, mas ofereça ajuda também. Essa alternância pode ser de grande valia”, propõe a especialista.
Fonte: O Tempo. Foto Reprodução internet.



















