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Governo de Minas apresenta novo traçado do Rodoanel, mas Contagem reprova

Por Dentro De Tudo:

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O secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas, Pedro Bruno Barros de Souza, apresentou ontem um projeto alternativo, com um novo traçado, para a construção do Rodoanel à prefeita de Contagem, Marília Campos (PT). Pedro Bruno foi acompanhado de representantes da INC SPA, empresa italiana que venceu a licitação para a obra. A prefeita, no entanto, não aprovou o novo desenho e afirmou que, se permanecer como apresentado ontem, vai manter a decisão de não conceder licenciamento para a obra na cidade. O projeto deve ser apresentado também à Prefeitura de Betim.

Segundo a prefeita Marília Campos, o traçado ainda está longe do que a prefeitura deseja, mas o fato de o governo do Estado ter criado um canal direto de comunicação com a cidade de Contagem é motivo a comemorar. “Primeiro é importante ressaltar que é a primeira vez que o Estado abre a discussão com o município de Contagem. Eles fizeram uma alteração de traçado, mas ainda muito insignificante. O único impacto que ela tem é que não ocorrerão as desapropriações que estavam previstas na região do Nascentes Imperiais, mas mantém o traçado que corta a bacia de Várzea das Flores, que traz um profundo impacto ambiental. Então, Contagem continua com as mesmas críticas em relação à proposta de traçado, mas agora com uma expectativa”, diz Marília.

Se por um lado, o novo projeto prevê menos desapropriações de moradias – antes eram 398, agora são 201 –, já que atravessa área de menor adensamento habitacional, por outro, continua cortando a Área de Proteção Ambiental de Várzea das Flores e passa a dividir os bairros Nascentes Imperiais e Estâncias Imperiais.

Municípios

As prefeituras de Contagem e Betim vem pedindo mudanças no traçado do projeto desde o início das discussões e chegaram a apresentar um projeto alternativo ao Estado. 

Os principais questionamentos dos prefeitos de Betim, Vittorio Medioli (sem partido), e da prefeita de Contagem foram em relação aos impactos sociais que seriam causados, já que a construção da futura rodovia passaria por áreas densamente povoadas nos dois municípios, além de impactos ambientais, visto que o projeto inicial previa o Rodoanel Metropolitano cortando a área de preservação ambiental da Bacia de Várzea das Flores.

Para o secretário Pedro Bruno, o fato de o debate avançar é proveitoso, ainda que o desenho que aguarde municípios e governo esteja longe de ficar pronto. “Eu saio aqui muito satisfeito, porque acho que a gente está avançando num debate que é muito importante. Eu tenho dito, falei isso hoje até mais cedo, que é por meio da convergência, da conversa, do debate franco que a gente vai achar a solução. Não tem como o Estado pensar sozinho na mobilidade urbana da região metropolitana, nem em Contagem fazer sozinha. É por meio do diálogo que a gente vai achando a convergência. Saio daqui muito animado, acho que a gente deu um passo importante na construção dessa convergência”, ressaltou o secretário.

As mudanças no projeto do Rodoanel relativas ao município de Betim ainda não foram apresentadas. Uma data deve ser marcada em breve para apresentação da proposta ao município.

Secretário admite novas alterações

Apesar da distância entre o que quer a cidade de Contagem e o que apresentou o governo do Estado, ambos os lados deixaram a reunião otimistas. O secretário Pedro Bruno afirmou que o projeto ainda estão na fase de licenciamento ambiental, o que pressupõe mais mudanças em vários aspectos. Segundo ele, sempre buscando a convergência de ideias.

“Em relação aos pontos que foram divergentes, o governo está aberto, a secretaria está aberta. Fazemos uma alteração no projeto para tentar agradar todo mundo, ainda que isso não seja possível, mas pelo menos causar menos desacordos. Quando a gente vai para a mesa de debate, a gente tem que estar aberto a construir convergências”, declarou. 

Metrô

A prefeita Marília Campos incluiu a discussão do metrô na pauta da reunião. Segundo ela, a questão da mobilidade das cidades da região metropolitana passa também por isso.

“Apresentamos para a concessionária do metrô, que foi privatizado recentemente, que era importante estender uma estação do metrô até o Viaduto Beatriz. Isso é importante não só porque melhora a mobilização urbana na região metropolitana, porque vai ser beneficiado não apenas Contagem, mas inclusive a cidade de Betim, que poderá fazer transporte da cidade de Contagem, pegando o metrô até Belo Horizonte. Nós apresentamos essa proposta ao secretário do Estado, à empresa”, afirmou. 

Entenda

  • Obra. Com um orçamento previsto de R$ 5 bilhões pelo governo de Minas, a concessão do Rodoanel Metropolitano à italiana INC SPA, vencedora da licitação, terá duração de 30 anos. A obra será realizada por meio de uma parceria público-privada (PPP). O Estado vai investir cerca de R$ 3 bilhões na construção do Rodoanel – recurso proveniente do acordo de reparação da Vale pela tragédia ocorrida em Brumadinho, que deixou 272 mortos, em 2019. Os outros R$ 2 bilhões deverão ser investidos pelo grupo italiano vencedor da licitação. 
  • Plano. O projeto prevê a construção de aproximadamente 100 quilômetros de malha rodoviária e vai passar por 11 municípios da região metropolitana de Belo Horizonte: Sabará, Santa Luzia, Vespasiano, São José da Lapa, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Contagem, Betim, Belo Horizonte, Ibirité e Nova Lima. A concessão será para as obras, a manutenção e a operação. A expectativa é que até 2027 as duas primeiras alças, norte e oeste, sejam concluídas.
  • Previsão. A expectativa é que a nova rodovia desafogue o trânsito no Anel Rodoviário, reduzindo o tempo de viagem de uma ponta a outra da rodovia entre 30 e 50 minutos, além de diminuir o fluxo de aproximadamente 5.000 caminhões na área urbana da capital.
  • Problemas. Além de críticas das prefeituras, que reclamam que o traçado como é hoje vai cortar áreas de preservação ambiental e densamente povoadas – dificultando inclusive o acesso a equipamentos públicos, como postos de saúde e escolas. Há críticas também por parte de entidades da sociedade civil, que reclamam principalmente que não foram ouvidas pelo Estado. O próprio Ministério Público Federal (MPF) chegou a questionar o projeto.

Fonte: O Tempo.

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