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Atropelamentos de pedestres no pais subiram 13% de junho a janeiro de 2023

Por Dentro De Tudo:

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Andar a pé é algo que faz bem para a saúde, mas nas vias de trânsito brasileiro, o hábito também representa exposição ao perigo. No primeiro semestre de 2023, o Brasil registro um crescimento de 13% no número de pedestres traumatizados devido a acidentes de trânsito no país em relação ao mesmo período de 2022.

 

O levantamento, baseado em dados do Ministério de Saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS), foi elaborado pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) e divulgado nesta terça-feira (8/08), Dia do Pedestre.

  

Em termos absolutos, Minas Gerais ficou na terceira posição entre os estados brasileiros com mais internações por conta dos atropelamentos, atrás de Goiás e de São Paulo.

Segundo o estudo, entre janeiro e junho deste ano, ocorreram no país 18.798 internações de pedestres traumatizados em sinistros de trânsito, 2.154 a mais do que as 16.654 internações pelo mesmo motivo registradas no primeiro semestre de 2022. Houve aumento do número de pedestres gravemente traumatizados em 12 estados.

  

Em Minas Gerais, de janeiro a junho deste ano, houve o registro de 2.452 internações de pedestres vitimas de acidentes no trânsito, 14% a mais do que as 2.200 ocorrência do mesmo tipo anotadas no estado no primeiro semestre de 2022.

 

Em Goiás, o estado com pior situação, foram registradas 6.402 internações por atropelamentos no primeiro semestre de 2023, a 1.124 a mais (21,36%) do que as 5.278 ocorrências do mesmo período do ano passado. No estado de São Paulo, no primeiro semestre deste ano foram registradas 3.072 internações de pedestres vítimas de acidentes de trânsito, com um acréscimo de 623 registros (25,5%) do que os 2.454 casos do mesmo período de 2022.

  

Para o presidente da Abramet, Antonio Meira, o levantamento com base nos dados do Ministério da Saúde demonstra que é que preciso garantir mais segurança para os pedestres do Brasil. “A necessidade de melhorar a segurança no trânsito e proteger os pedestres é urgente, especialmente em regiões que apresentaram aumento significativo de casos, como o Sudeste, o Sul e o Centro-Oeste”, destacou Meira.

 

“A situação está se agravando e precisamos trabalhar com afinco para proteger os mais vulneráveis no trânsito, os pedestres. É fundamental que melhoremos nossas infraestruturas de trânsito e implementemos políticas efetivas para prevenir acidentes e reduzir esses índices alarmantes”, completou o presidente da Abramet.

 

Ele salienta que o aumento das internações hospitalares por conta dos acidentes de trânsito também é um problema sério de saúde pública. “A Abramet apela a um compromisso conjunto dos órgãos de trânsito, governos locais e federais e da sociedade como um todo para lidar com essa situação preocupante. A mobilidade saudável não deve ser uma reflexão tardia, mas uma prioridade”, destacou. 
 

Idosos mais vulneráveis

 

Os idosos que andam a pé estão vulneráveis aos riscos de acidentes, demonstra o estudo da Abramet. De acordo com o levantamento, no primeiro semestre deste ano em relação do mesmo período de 2022, houve um aumento de 37,9% das internações de pessoas na faixa de 60 a 69 anos. A faixa dos 70 aos 79 anos e a de 80 anos ou mais também apresentaram aumentos significativos de 26,6% e 34,2%, respectivamente.

 

Entre os jovens e adultos, a faixa dos 50 aos 59 anos registrou um aumento de 21%. O grupo de 15 a 19 anos e os de 30 a 39 e 40 a 49 anos também viram aumentos, respectivamente, de 9,4% e 9,9%. O grupo de 20 a 29 anos teve um modesto aumento de 1,5%.

 

O diretor científico da Abramet, Flavio Emir Adura, afirma que a fragilidade do pedestre está relacionada ao que ele chama de “falta de cidadania no trânsito”. Ele disse que tornou-se “alarmante” em países não desenvolvidos. “Enquanto em países desenvolvidos a maioria das mortes por sinistros de trânsito ocorre no interior do veículo, em países onde não foi possível alcançar um grau adequado de cidadania dos usuários do trânsito” – (abrangendo) comportamento, leis, engenharia viária, educação, manutenção da frota e fiscalização – elas ocorrem em razão de atropelamentos”, avalia Adura.

 

Ele salienta que um dos graves problemas é que as crianças idosos “praticamente perderam os espaços naturais para circulação de pedestres nas cidades”. O especialista lembra que a probabilidade de um pedestre ser morto em atropelamento aumente consideravelmente em virtude da velocidade do veículo.

 

“Enquanto a maior parte sobrevive a um atropelamento por um automóvel transitando a 30 km/h, a maioria deles morre quando atropelados por um veículo transitando a 50 km/h”, relata.

 

O diretor científico da Abramet lembra que, com reaquecimento da economia no pós-pandemia da COVID-19 ocorreu um aumento dos usuários das vias, com : automóveis, pedestres, ciclistas e principalmente motociclistas, circulando com pressa e sem a atenção devida, “muitas vezes falando ao celular e lendo e enviando mensagens em aparelhos celulares, tanto os condutores como os pedestres”. Isso também contribuiu para o aumento dos acidentes e dos atropelamentos.

 

“As falhas de atenção ao conduzir pelo uso do telefone celular aumentam o risco de sinistros de trânsito de forma exponencial, podendo resultar em ferimentos leves, graves, incapacitantes e muitas vezes fatais. O ato de digitar uma mensagem de texto, faz com que o veículo seja conduzido por diversos metros sem o olhar atento do condutor que chega a ficar, em média, 4,5 segundos sem prestar atenção na via e, dependendo da velocidade, poderá percorrer até 100 (cem) metros absolutamente desatento, tempo e distâncias suficientes para atropelar pedestres”, adverte.

 

Flavio Adura ressalta que nos últimos tempos, o Brasil apresento “um panorama em que a mortalidade e a fecundidade se mostraram em declínio, fazendo com que a esperança de vida e, por consequência, a proporção de pessoas idosas aumentassem sensivelmente”. Isso acabou impactando no aumento dos atropelamentos.

 

“O ritmo de crescimento de população idosa, associado a uma forma de vida saudável e ativa, expõe as pessoas dessa faixa etária ao risco de sinistros de trânsito”, diz ele. “O tráfego não é perfeitamente planejado e adequado para pessoas de idade avançada. Como em muitos outros aspectos da vida, o idoso se vê excluído e marginalizado e encontra um ambiente adverso e hostil como pedestre em uma grande cidade. Para atravessar uma rua, uma pessoa idosa carece de agilidade e rapidez para se desviar dos veículos. Se é portador de dores crônicas, sua marcha é lenta e se cansa ao caminhar, escolhendo, por vezes, caminhos mais curtos e fora das faixas de segurança para cruzar as ruas”, descreve o especialista.

 

Segundo Flávio Adura, a recomendação é que as pessoas em idade avançada não devem enfrentar desacompanhadas o agressivo trânsito dos dias de hoje. “Devido à sua fragilidade física, os pedestres idosos mais são mais propensos a ferimentos com lesões graves e até fatais. Quando vítimas de atropelamentos apresentam particularidades que necessitam ser consideradas por ocasião do atendimento médico. A pessoa idosa, frequentemente é incapaz de responder ao aumento nas demandas fisiológicas impostas pelo trauma, tendo em vista a baixa reserva funcional de diversos órgãos”.

  

Medidas para amenizar ocorrências com os idosos

 

Como intervenções para amenizar os atropelamentos de idosos, o diretor científico da Abramet sugere: instalação de passarelas, iluminação adequada, sinalização, barreiras que impeçam que os pedestres invadam as pistas e faixas de segurança. Também recomenda “ações de conscientização quanto à função destes equipamentos, tanto para pedestres quanto para motoristas”. Além disso, “as calçadas, em condições ideais de uso e manutenção, em todas as ruas, são fundamentais para evitar que o pedestre precise acessar o leito carroçável, destinado aos veículos motorizados”.

  

BHTrans anuncia campanhas educativas

 

A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) anuncia que tem investido na conscientização e trabalho educativo para reduzir os atropelamentos na Capital. Informa que ao longo deste ano já realizou 40 campanhas para pedestres, contemplando todas regionais da cidade, “em locais de grande circulação de pessoas”. A BHTrans diz que nesta terça-feira, Dia do Pedestre, foi as ruas para reforçar a ação de conscientização.

 

“Nas campanhas para pedestres, a equipe de artes da Gerência de Educação para a Mobilidade da BHTrans permanece junto a faixas de travessia abordando os pedestres e orientando sobre comportamentos seguros ao atravessar, com o objetivo de preservar a vida”, informa. A BHTrans anuncia ainda que promove com os alunos das redes de ensino de Belo Horizonte diversas ações educativas por meio dos nossos programas educativos permanentes, que atendem do Ensino Infantil até o Ensino Médio, diariamente, durante ano letivo.

 

“Tais ações, realizadas em linguagem adequada à faixa etária dos estudantes, buscam uma reflexão sobre a mobilidade urbana sustentável e sensibilizam sobre a importância da segurança no trânsito. Também são realizadas palestras educativas, referentes à segurança no trânsito, para colaboradores de empresas que solicitam a nossa presença. Em todas essas oportunidades, são abordados temas referentes aos pedestres”, sustenta a empresa municipal.

 

“Para o público de crianças e adolescentes, é falado sobre a importância de atravessar na faixa de pedestres ou passarela, olhar para os dois lados da via antes de atravessar, não atravessar a via correndo, atravessar a via em linha reta, ao desembarcar do ônibus, não atravessar na frente dele, aguardar o semáforo de pedestres abrir para iniciar a travessia – quando este existir – e nos locais onde não há a sinalização, usar a regra número um do trânsito “ver e ser visto”, mantendo o contato visual com os condutores dos veículos, manter a máxima atenção e não usar o celular ou fones de ouvido, dentre outras atitudes”, explica a BHTrans

 

Ainda segundo a empresa, para o público adulto, “há a abordagem referente à segurança como pedestre e a atuação desejada como condutor de veículos: o respeito aos pedestres e à faixa de travessia, não avançar o sinal vermelho, não ultrapassar os limites de velocidade, redobrar a atenção nos cruzamentos, dentre outros. Também atendemos os idosos, com um projeto desenvolvido exclusivamente para eles”.

 

A BHTrans chama atenção também para a conscientização e do esforço conjunto sociedade para a prevenção dos atropelamentos e contra outros acidentes no trânsito. Para que os pedestres não assumam comportamentos inadequados (como atravessar entre os carros) que venham a comprometer sua segurança no trânsito, seria importante e necessário ter mais frentes assumindo essa temática. Como exemplo, podemos citar as escolas inserindo o assunto na sua grade escolar e a mídia difundindo a importância dos hábitos seguros no trânsito, para que esse assunto esteja permanentemente em vislumbre”.

 

“Portanto, a dificuldade é conseguir que as nossas ações educativas alcancem todos os cidadãos, para que haja uma mudança efetiva de comportamentos”, conclui a BHTrans

Foto: (foto: Gladyston Rodrigues/DA Press)

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