A Índia vive um agravamento da pandemia, com cerca de 4 mil mortes diárias. Nas últimas semanas, a variante indiana B.1.617 do novo coronavírus foi detectada em outros 44 países de todos os seis continentes. E já chegou ao Brasil. Ontem, a Secretaria de Saúde do Maranhão confirmou o primeiro caso de pessoa infectada pela cepa indiana do coronavírus no país. O anúncio reforça o alerta país afora. E apesar de a cepa não ter sido identificada em território mineiro, a notícia põe em alerta especialistas e as secretarias de Saúde de Minas Gerais. A ordem é não descuidar das medidas preventivas que todos já conhecem.
De acordo com a cientista-chefe da entidade multilateral, Sumya Swaminathan, até onde se sabe, as vacinas contra a COVID-19 e tratamentos disponíveis são eficazes contra casos da cepa indiana. Ela ressaltou, no entanto, que as evidências ainda são recentes e é importante “dar tempo” para que mais dados sobre a variante sejam coletados.
“Essa cepa nos deixa ainda mais em alerta. A variante encontrada na índia pode ser até 50% mais transmissível do que a encontrada no Reino Unido. É uma situação complicada”, disse o médico infectologista Estevão Urbano, um dos quatro integrantes do Comitê de Enfrentamento à Pandemia de COVID-19 em Belo Horizonte.
CONTROLE DE FRONTEIRA
Devido ao impacto epidemiológico das novas variantes do coronavírus, o governo federal publicou uma portaria que proíbe temporariamente a entrada no país de passageiros estrangeiros de voos com origem ou passagem pela Índia, Reino Unido, Irlanda do Norte e África do Sul. O texto foi publicado no sábado (15/5), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). No caso de um estrangeiro que se enquadre em normas de exceção, com origem ou histórico de passagem pelo Reino Unido, Irlanda do Norte, África do Sul e Índia por esses países nos últimos 14 dias, ao ingressar no território brasileiro ele deverá permanecer em quarentena por 14 dias. Todos os viajantes internacionais que chegam ao Brasil ficam obrigados a apresentar à companhia aérea o exame RT-PCR com resultado negativo nas últimas 72 horas contadas do início do embarque no país de origem.
Para o infectologista Estevão Urbano, as medidas deveriam ter sido tomadas antes. “Em um mundo globalizado, é muito difícil impedir a chegada das cepas. Mas fechar as fronteiras, exigindo a quarentena para a entrada, é uma forma de frear a velocidade de transmissão e atrasar a chegada. Assim, ganhamos tempo para conhecer melhor a nova variante e vacinar mais pessoas”, afirmou.
PRECAUÇÃO
A Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou, ontem, que a variante indiana não foi notificada em Minas Gerais, e disse que já tomou medidas de precaução. De acordo com a pasta, o governo de Minas tem “ampliado as ações de vigilância genômica do coronavírus no estado e acompanhado, por meio da Coordenação Estadual de Laboratórios e Pesquisa em Vigilância (Celp) e do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), a vigilância genômica do SARS-CoV-2, realizada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).” As análises das variantes do Sars-CoV-2 têm sido conduzidas pela Rede Corona-Ômica BR-MCTI, representada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para identificar possíveis mutações do vírus em Minas Gerais.