No início do ano, 29,1% das pessoas hospitalizadas devido à covid-19 precisavam de atendimento em UTI. Nesta fase, esse percentual está praticamente estável, em 28,4%. Como o total de hospitalizações por coronavírus vem crescendo, essa estabilidade no indicador percentual de pacientes que precisam de tratamento intensivo pode ser resultado da superlotação das UTIs. “Esse cenário, no limite, poderá impactar no aumento de mortes em longo prazo por desassistência (hospitalar)”, adverte a Fiocruz.
A Fiocruz faz outro alerta: a mudança no perfil das pessoas internadas por covid-19 tem resultado na superlotação das UTIs. A idade média de quem necessita de tratamento intensivo por causa da covid é de 54,2 anos, ante 64,2 anos no início de 2021. Essa mudança no perfil é fruto da vacinação, que está protegendo melhor os idosos, mas tem impacto direto na ocupação de leitos.
Isso porque o organismo da pessoa jovem é mais resistente. Com isso, mesmo em casos graves, o paciente tende a permanecer mais tempo internado, o que, por mais contraditório que seja, tem ajudado a pressionar o sistema de saúde. Além disso, os infectologistas alertam que muitas vezes as pessoas abaixo dos 60 anos podem ter algum tipo de comorbidade não diagnosticada, o que aumenta e muito o risco em caso de contaminação pelo coronavírus.
Com a suspensão das medidas restritivas em quase todo o país, o vírus tem voltado a circular com mais intensidade. E, ainda sem terem sido vacinadas, as pessoas mais jovens seguem suscetíveis à doença. Sem entender que o momento ainda é muito delicado, quem circula sem os devidos cuidados (uso de máscara e distanciamento social, apenas para falar dos dois mais básicos) está correndo sérios riscos.