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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

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Transporte de passageiros em motos completa 2 anos com alta de acidentes em BH

Por Dentro De Tudo:

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O número de motociclistas atendidos no João XXII em decorrência de acidentes de trânsito cresceu 18% de janeiro a 14 de setembro de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado, em Belo Horizonte. Este ano o hospital realizou 3.810 atendimentos, contra 3.226 no ano passado.

Segundo o Relatório de Sinistros de Trânsito de 2022 feito pela Prefeitura de Belo Horizonte, no ano passado 73% dos acidentes de trânsito com vítimas ocorridos no município envolveram motos. Foram registrados 12.148 sinistros com vítimas na cidade e as motos representaram 8.938 ocorrências.

Além do aumento de venda de motos, que acumula alta de 24% até maio, outro motivo que pode explicar o aumento dos acidentes de trânsito envolvendo motocicletas em BH é a crescente procura pelo serviço de mototáxi. Pesquisa feita pela startup de tecnologia Gaudium revelou que, entre 2021 e 2022, a demanda por viagens de mototáxi cresceu 84% em todo Brasil. No primeiro semestre deste ano, a alta foi de 14%. Segundo o levantamento, o estado de Minas Gerais lidera o ranking de usuários de mototáxi. Os mineiros foram responsáveis por quase metade (R$ 14 milhões) do faturamento da plataforma no Brasil, que até agosto havia movimentado R$ 28,4 milhões

Sem regras
Há dois anos os aplicativos de transporte de passageiros em motos operam em BH sem qualquer regulamentação municipal. Quando, em 2021, a Uber anunciou a oferta da modalidade na Capital, a Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra) questionou a Prefeitura e a BHTrans sobre quais medidas de segurança seriam adotadas. Na ocasião, a prefeitura afirmou que a BHTRANS e a PBH estavam “analisando e estudando medidas para a regulamentação e fiscalização do serviço”.

Um ano depois, em novembro de 2022, a Ammetra voltou a questionar a Prefeitura sobre a regulamentação e recebeu a mesma resposta. “Há dois anos a prefeitura anuncia que está estudando uma regulamentação e até o momento nada de concreto foi apresentado para garantir a segurança de quem usa esse tipo de serviço”, comenta o diretor científico da Ammetra, Alysson Coimbra.

Em maio deste ano, a BHTrans informou, por meio da assessoria de impresa, que o serviço continuava ilegal. Em setembro a Ammetra voltou a procurar a Superintendência de Mobilidade (Sumob) para saber como estava o estudo da possível regulamentação, mas não obteve resposta. Coimbra avalia que há um descaso da administração com a segurança viária diante de índices tão altos de sinistros e internações envolvendo motos. “A precariedade do transporte público do município motivou essa migração crescente para o transporte em motocicletas, e nesse mesmo período foi registrado o aumento do número de atendimentos a vítimas de sinistros em motos, isso não é coincidência, e sim consequência. Não regular esse serviço é permitir que o número de vítimas seja multiplicado por dois: tanto motociclistas, quanto usuários do serviço”, reforça o especialista.

Sobrecarga no SUS
Em todo Brasil, as motocicletas representam 22% da frota total de veículos, mas os motociclistas são responsáveis por 54% das internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Datasus, no ano passado, pelo menos 129.644 motociclistas precisaram ser atendidos após se envolverem em sinistros.

O diretor da Ammetra explica que as grandes cidades não suportam esse tipo de serviço porque os motociclistas são inseridos no trânsito sem o preparo adequado. Esse cenário, associado à falta de gestão de tráfego, de espaço físico e de regulamentação e fiscalização, dificulta o exercício seguro dessa atividade. “Motociclistas intercalam o transporte de uma encomenda e o de uma vida sob a mesma ótica perversa na qual o tempo é lucro, mas a pressa e o despreparo só levam ao aumento dessas tragédias evitáveis”, completa Coimbra.

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