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Conexão com eleitor nas redes sociais será ponto-chave em 2024

Por Dentro De Tudo:

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Ainda que a campanha para o pleito de 2024 só comece oficialmente em 30 de agosto do ano que vem, especialistas em marketing eleitoral já traçam estratégias para aprimorar a imagem de políticos que miram a cadeira de prefeito ou vereador nas próximas eleições municipais. Mas, sozinha, a velha tática de preparar candidatos para performar bem nos programas de rádio e TV já não basta, afirmam especialistas. Diante da consolidação das redes sociais como ferramenta decisiva para alcançar bom resultado nas urnas, profissionais de comunicação e media training garantem que, em 2024, sairão na frente candidatos capazes de criar, desde já, forte conexão com o eleitorado nas plataformas digitais para, assim, difundir com mais eficácia as propostas de campanha.

Se há pouco mais de uma década a opinião do eleitor sobre um candidato era formada, em grande medida, a partir das declarações dadas à imprensa ou pelas propostas divulgadas no horário eleitoral gratuito, mudanças de comportamento social levam o eleitor a recorrer cada vez mais às redes para buscar informação sobre os postulantes a cargos eletivos, explica o publicitário e especialista em marketing político Acácio Veras. 

Em Belo Horizonte, por exemplo, a maior parte da população (27,1%) pretende usar as redes sociais ou os aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram, para buscar informações sobre candidatos a prefeito ou vereador, conforme revelou a pesquisa do Instituto DATATEMPO, divulgada em setembro. O percentual é maior do que o de pessoas que afirmaram ter intenção de se informar via mídias tradicionais, como televisão, rádio, jornal ou revista (26,1%).

“É importante pensar que quem está na rede social não busca apenas conteúdo. As pessoas querem conversa, interação, querem socializar. Mas você não socializa apenas ouvindo, as pessoas querem ter voz. Por isso, as melhores interações que o marketing político faz são com os espaços de socialização nas redes. Não são posts de conteúdo, mas sim aqueles em que as pessoas participam, respondem, interagem, dão opiniões e criam via de mão dupla”, esclarece Veras. 

Comunicação precisa ser coerente

O marqueteiro Paulo Vasconcelos – que conduziu a campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB), em 2014, e foi consultor informal do senador Sergio Moro (União-PR) – reforça que a simples presença nas redes não será suficiente para garantir bom desempenho no pleito de 2024. Para ele, a ferramenta só será eficaz se o discurso for convincente e coerente. “Ao longo da estrada, sempre apostei muito na convicção, porque ela garante a coerência. O eleitor encontra conjunto de informações com gesto, tom de voz. Isso é comunicação. Não acredito em candidato construído. Acredito em convencimento”, afirma. 

Vasconcelos pondera, porém, que “pequenos ajustes, pequenas flexibilizações de discurso para adequar (o candidato) à percepção do eleitorado” são bem-vindos para potencializar resultados durante a campanha. 

Adaptar discurso às plataformas pode ser diferencial

Quando se trata da preparação de candidatos para enfrentar campanhas, a mudança nas estratégias de comunicação não descarta a necessidade de trabalhar a imagem e o conteúdo dos postulantes a cargos eletivos. Embora o foco hoje seja conquistar a confiança dos usuários das redes sociais, mídias tradicionais ainda têm relevância estratégica. Estar apto a adaptar o discurso para todas as plataformas de comunicação pode ser o diferencial do candidato, avaliam especialistas em media training. 

“Primeiro, é preciso entender qual é o grau de desenvoltura do candidato e treinar ele. Chamamos profissionais que vão melhorar a oratória, a postura diante das câmeras. Não importa se é a câmera de TV ou se ele mesmo a está segurando. Ele aprende até a como manusear um aparelho de telefone, como falar, o que ele vai dizer. Começamos a prepará-lo para esse aparato”, explica o marqueteiro político Acácio Veras.

O especialista admite que, em alguns casos, é preciso vencer a resistência de candidatos, principalmente em relação à presença das redes sociais. “Nesses casos, temos que trabalhar com profissionais para destravar alguns bloqueios. Porque alguns dizem: ‘ah, eu não nasci pra isso’, ‘eu acho isso uma bobagem’”, exemplifica.

Segundo o marqueteiro, uma estratégia que tem ajudado seus clientes é trabalhar a imersão do candidato no universo das plataformas digitais. “É preciso fazer com que os políticos consumam (conteúdo das redes sociais). E com media training, preparamos esse sujeito, analisamos como ele se comporta para que a gente possa adequar à realidade dele às redes sociais, para que não pareça uma atuação”, ressalta o especialista.

Eleitor deve ter olhar crítico

Em um cenário no qual candidatos estarão em treinamento intensivo para transmitir suas propostas e performar bem no próximo pleito, o eleitor terá o desafio de desenvolver um olhar crítico para identificar aqueles que transmitem verdade em seus discursos, alerta a jornalista Patrícia Marins, especialista em comunicação e media training. 

Patrícia comenta que, em toda eleição, é possível encontrar candidatos “fabricados” por marqueteiros. “A gente vê, muitas vezes, políticos que são puro golpe de marketing, que não têm conteúdo, que não vão para a página dois. Com o tempo, a gente percebe que eles são, na realidade, produtos construídos”, disse. 

Nesse sentido, acompanhar de perto a rotina dos candidatos pode ser uma boa estratégia, sugere a especialista. “A vida real é a que vai apontar como ele será daqui para frente. Como é que ele enfrenta temas polêmicos? Como ele enfrenta questões duras para você? A gente tem a chance de levantar o histórico dessas pessoas. Temos a internet sendo utilizada para o bem, para levantar se esse político responde a processos criminais, qual foi a conduta dele em questões controversas no passado”, orienta Patrícia.

Para o marqueteiro Paulo Vasconcelos, os candidatos devem, de fato, se preparar para eleitores mais exigentes. “Nas próximas eleições, o eleitor vai colocar o pé no chão e deixar de ter ídolos. Ele vai perguntar: ‘que vantagem tenho com esse político? Essa relação de interesse é justa e necessária”, defende. 

Fonte: O Tempo.

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