Abastecer com etanol não é vantajoso financeiramente em pelo menos 145 postos da Grande BH. É o que mostra pesquisa feita pelo site Mercado Mineiro (MM) na região metropolitana. O levantamento mostra que o álcool perde a vantagem em todos eles.
Uma conta simples revela se o álcool é rentável. Basta dividir o preço do litro do biocombustível pelo preço do litro da gasolina. Se resultado for maior que 0,7, opte pela gasolina.
Pelo levantamento, divulgado nesta segunda-feira, o preço do etanol nas bombas varia entre R$ 4,054 e R$ 4,999 e corresponde a 75% dos valores cobrados pelo litro da gasolina, vendida entre R$ 5,664 e R$ 6,299.
Os valores cobrados pelo etanol já acumulam alta de 31,96%, de janeiro até julho deste ano, saltando em média de R$3,213 para R$4,240.
De acordo Feliciano Abreu, economista e diretor do Mercado Mineiro, a tendência é que os preços do biocombustível não caiam a curto prazo, principalmente por conta do alto custo da gasolina.
“A gasolina dá margem para a precificação do etanol e, com seus valores mais elevados, não veremos quedas significativas, como ocorreram em anos anteriores, quando chegamos a encontrar reduções de até 10% por semana”, explica Abreu.
Açúcar
O alto preço do açúcar – também produzido por usinas canavieiras – e a queda da safra são outros empecilhos para a retração nos preços do etanol. Segundo a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), a commodity acumula alta de 46,51% no mercado internacional nos últimos 12 meses. Em relação à safra, a falta de chuvas nas principais lavouras deve impactar a diminuição da oferta do combustível.
“Em algumas localidades, a safra vai ser 20% menor do que era previsto e, isso, junto com a alta do açúcar no mercado internacional, fará com que a diminuição nos preços seja menor do que em anos anteriores. A previsão é que a proporcionalidade chegue a 70%, mas não caia muito abaixo desse patamar”, explica o presidente da Siamig, Mário Campos.
Peso no bolso
Em busca de economizar no que podem, os consumidores fazem opção pelo combustível com melhor custo-benefício. O aposentado José Canuto, de 64 ano, que usa o carro para complementar a renda vendendo queijos, biscoitos e doces pelas ruas de Contagem, na Grande BH, conta que, ao abastecer, opta pelo combustível que for mais vantajoso.
“Tem horas que coloco gasolina, em outras, coloco etanol. A verdade é que está tudo uma carestia tremenda, e a gente escolhe o que pode pagar no momento”, diz.
A professora Marcele Prado, de 33 anos, admite que também tem feito as contas ao escolher o combustível. “Infelizmente, a gente vai colocando o combustível de acordo com a necessidade. Quando o preço está abaixo dos 0,7, uso o etanol; quando não, fico com a gasolina”, revela.