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sexta-feira, 27 de setembro de 2024

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Crianças e jovens são cerca de 40% dos internados com dengue em Belo Horizonte

Por Dentro De Tudo:

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Os pacientes que precisaram ser internados com complicações da dengue,chikungunya ou zika em Belo Horizonte neste ano, em meio à maior epidemia da doença no Estado, têm um perfil que foge do esperado: 37,5% são crianças e jovens de até 21 anos. Desses, o alerta cai principalmente para os menores de 12 anos: são quase 30% do total. As complicações da dengue – maior caso entre as arboviroses – não são tão óbvias e nem requerem comorbidades. De acordo com infectologistas ouvidos pela reportagem, qualquer criança ou jovem está propenso a reagir mal à picada do mosquito. 

Dados da rede de Sistema Único de Saúde (SUS) da capital, divulgados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), mostram que 2.256 pacientes precisaram ser internados com complicações de arboviroses. Desses, 846 têm até 21 anos – e 623 são menores de 12. Os adolescentes foram os escolhidos para serem os primeiros a se vacinar contra a dengue. Por um lado, esse público sofre com a imunidade ainda em desenvolvimento. Por outro, a hidratação é um desafio. 

“As crianças e os adolescentes ainda não estão com o sistema imune completo como o de um adulto. A imunidade imatura facilita a piora clínica”, alerta o infectologista Leandro Curi. Segundo ele, a infecção por dengue pode evoluir de diferentes formas e cada organismo vai reagir de um jeito.

“A pessoa que se infecta com dengue pode ser assintomática, ou seja, não apresentar sintomas; pode ter dengue clássica ou sofrer com um gravidade. O que vai levar de um caso para o outro é a reação do organismo: a imunidade, questões genéticas, o estado de conservação do corpo. E, normalmente, crianças e adolescentes têm um sistema de defesa menor com relação a um adulto”, afirmou.

O médico Unaí Tupinambás também destaca para um maior impacto da dengue no grupo de jovens. Ele reforça que, apesar da letalidade baixa, isto é, de, na maioria das vezes, a infecção não matar, as crianças e adolescentes estão mais vulneráveis à piora e precisam se atentar à hidratação do corpo.

“A maior dificuldade, no caso da dengue, é a hidratação oral. Em uma complicação, a criança vai vomitar, vai sentir dor de barriga, pressão abdominal, e isso já é sinal de alerta. A internação por dengue é principalmente focada em soro na veia. Não precisa ter comorbidade, nada, a falta de hidratação vai piorar o quadro do paciente”, alertou. 

Por dia, mais de 200 crianças e jovens são atendidos com sintomas de dengue em BH

Segundo a PBH, até o momento, a rede SUS-BH já atendeu mais de 14 mil pessoas de 0 a 19 anos com sintomas de dengue. O número equivale a 253 pacientes por dia. O aumento dos atendimentos pediátricos por causa da dengue, chikungunya e zika na capital pressionou o governo de Minas a inaugurar uma unidade de atendimento exclusivo a pacientes de arboviroses no hospital infantil João Paulo II nesta segunda-feira (26 de fevereiro). O serviço é voltado para crianças e adolescentes de até 12 anos.

A filha da Marcele de Almeida, de 6 anos, foi uma das primeiras a receber o atendimento. “Estamos aqui desde às 8h. Eu corri com ela porque o nariz começou a sangrar, e ela está com febre desde sábado. Já tinha dado medicação, a febre oscilou, mas como o nariz sangrou, achei melhor trazer ao médico”, conta a mãe.

A menina piorou de saúde uma semana após o diagnóstico de dengue e, assim como alertou Tupinambás, a criança reagiu melhor após o reforço na hidratação. “Na semana passada, ela passou mal na escola e, no posto, me disseram que era para trazer aqui se piorasse. Agora, estamos aguardando o resultado do exame de sangue, mas já está melhor, porque foi medicada e está sendo hidratada”, diz Marcele.

A criança não tem comorbidades, mas o nariz escorrendo sangue e a fraqueza por falta de hidratação alertou a mãe. A piora na saúde também foi o que levou a adolescente Maria Clara Trindade Santana, de 17, a ficar mais de 11 dias internada em um leito de hospital por complicações por causa da dengue. 

A menina tem anemia falciforme, que é uma comorbidade. A condição genética dificulta o transporte de oxigênio no organismo. “A dengue baixou a quantidade de plaquetas e hemoglobinas no sangue da minha filha. O índice de hemoglobina normal dela é de 8 a 10, e está em 6. Desde o diagnóstico de dengue, ela já teve várias complicações, como pneumonia, derrame e problemas no pulmão”, conta a mãe, a professora e atriz Milena Trindade, de 39.

Fique atento aos sinais 

De acordo com o infectologista Tupinambás, os pais e responsáveis precisam ficar atentos aos sintomas e às reclamações das crianças e jovens com o avanço da infecção por dengue. “No caso de dengue, até o terceiro dia, pelo menos, o comum é febre alta, dor no corpo, fraqueza, perda de apetite. Esses são os sintomas mais falados e conhecidos. Mas, se a febre sobe abruptamente depois disso, já é sinal de alerta. Vômito, dor abdominal, sensação de desmaio, sangramentos, tudo isso indica que é hora de voltar ao médico, e urgente”, aconselha. 

Vacinação contra a dengue já está disponível 

A vacinação contra a dengue com as doses da Qdenga já começou em Minas Gerais e, a partir desta terça-feira (27 de fevereiro), fica disponível nos Centros de Saúde da capital. Nesta primeira fase, podem se vacinar as crianças de 10 e 11 anos. O médico Leandro Curi reforça que a imunização é uma esperança por novos anos sem surtos de dengue. 

“Essa doença não é nova. Nós vimos que, nos últimos 30 anos, não conseguimos vencer o vetor, não conseguimos eliminar o mosquito. Mesmo com todas as campanhas, os criadouros do Aedes aegypti continuam. Agora, nós temos uma vacina confiável e eficaz. Primeiro, vamos levar as crianças e os adolescentes a se imunizar. Depois, vamos todos. É a nossa solução”, afirmou. 

Fonte: O Tempo.

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