O inverno normalmente é considerado por crianças e jovens como período ideal para empinar pipas e se divertir com essa brincadeira tradicional, por conta do clima com ventos mais fortes e falta de chuvas. Contudo, a prática pode causar prejuízos e até acidentes graves caso seja feita próximo da rede elétrica.
Somente nos sete primeiros meses deste ano, a Cemig registrou 1.424 ocorrências com a rede elétrica causadas por pipas, que prejudicaram cerca de 460 mil clientes. Apenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), essa brincadeira deixou mais de 260 mil unidades consumidoras sem luz.
Para o gerente de Saúde e Segurança do Trabalho da Cemig, João José Magalhães Soares, a brincadeira de soltar pipas não deve ser realizada em áreas urbanas. De acordo com o especialista, locais com áreas abertas e distantes da rede de distribuição da companhia são a melhor opção para uma diversão sem riscos.
“Hoje em dia, com a grande quantidade de rede de distribuição nos centros urbanos, a brincadeira de soltar pipas ficou inviável nesses locais. Caso a pipa fique presa em um componente da rede elétrica, a pessoa pode tomar um choque de até 13.800 volts. Por isso, é fundamental que os pais orientem os seus filhos para evitar acidentes que podem até matar”, destaca.
Cuidados
João José Magalhães Soares alerta que nunca se deve tentar resgatar pipas presas na rede elétrica, pois o risco de acidentes é muito grande “As redes de distribuição, de transmissão e as subestações da Cemig são construídas dentro dos padrões das normas técnicas brasileiras com características e distanciamento que são seguros. Dessa forma, a aproximação indevida e o uso de cerol e linha chilena têm sido o motivo dos principais acidentes com a rede elétrica da companhia”, alerta.
As ocorrências com pipas nas redes elétricas são ainda mais graves neste momento de pandemia, quando muitas pessoas estão trabalhando em casa e também podem prejudicar o fornecimento de energia para hospitais e centros de saúde.
“Por isso, pedimos consciência aos pais e jovens para evitar a soltura de pipas em ambientes próximos da rede da Cemig e também não utilizar, em hipótese alguma, as linhas cortantes. As consequências das ocorrências podem ser catastróficas para um hospital, por exemplo”, alerta.
Linhas cortantes
A Lei 23.515/2019 proíbe a utilização de cerol ou linha chilena em Minas Gerais. Essa legislação, que veda a comercialização e o uso de linha cortante em pipas, papagaios e similares, está em vigor desde dezembro de 2019. A multa para quem for flagrado vendendo linhas cortantes varia de R$ 3.590 a R$ 179 mil (em casos de reincidência). Já quando a linha cortante apreendida estiver em poder de criança ou adolescente, pais ou responsáveis legais serão notificados da autuação e o caso será comunicado ao Conselho Tutelar.
Além da legislação, João José Magalhães Soares alerta para o fato de que o uso do cerol pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Há risco, ainda, para crianças que amarram as pipas com arames e fios. “São materiais altamente condutores e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos da rede de energia, causando o choque elétrico”, afirma.
As linhas cortantes também causam perigo a outras pessoas. “Quando alguém utiliza uma linha cortante, ela pode cortar os cabos de energia e causar acidentes graves para quem está brincando e para outras pessoas. Nunca se deve usar cerol ou linha chilena neste tipo de brincadeira”, alerta.