Obrigatório desde julho do ano passado, o uso da máscara como escudo para evitar o contágio da Covid não pode ser ignorado. Para especialistas, a utilização só pode se tornar facultativa após o controle da variante Delta, que faz cada vez mais vítimas, bem como o avanço da segunda dose da vacina.
Em Belo Horizonte, apenas 39% da população está completamente imunizada. Alguns médicos, inclusive, garantem ser impossível abandonar o Equipamento de Proteção Individual (EPI) antes do fim deste ano.
A desobrigatoriedade da máscara não é assunto novo em Brasília. Desde junho, o presidente Jair Bolsonaro quer viabilizar a medida. Chegou a solicitar ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estudo sobre o tema. Nessa semana, o chefe do Executivo voltou à pauta e afirmou que estipularia uma data para colocar a recomendação em vigor.
Mandatários mineiros também tentaram tomar a mesma medida. Caso do prefeito de Santa Luzia, na Grande BH, Christiano Xavier, que queria a liberação em festas para até 200 pessoas. A Secretaria de Saúde da cidade, no entanto, desaconselhou a medida.
Para o infectologista Unaí Tupinambás, membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia em BH, tal flexibilização só deveria entrar em discussão no fim de 2021 ou no início do próximo ano. “Apenas quando 85% da população estiver completamente vacinada poderemos repensar o uso da máscara e o distanciamento entre as pessoas”, avaliou.
Segundo o especialista, países que tornaram facultativa a utilização precisaram voltar atrás. Alguns estados dos EUA tornaram a recomendar o uso da proteção no mês passado por conta do aumento de casos da cepa originária na Índia.
Em Sydney, na Austrália, duras regras de distanciamento social e o controle de fronteiras possibilitaram os baixos números da doença, liberando o uso das máscaras ainda no começo do ano. Porém, a obrigatoriedade no transporte público voltou em junho, após a ameaça da Delta.
Penalidade
Flagrantes de pessoas ignorando o uso de máscaras em BH são diários. Imagens foram feitas pela reportagem do Hoje em Dia, ontem, na Savassi e no hipercentro. Quem descumpre a medida pode receber multa R$ 100.
Segundo a Prefeitura de BH, de março de 2020 até 19 de agosto deste ano, foram aplicadas 423 infrações. Desse total, só 30 foram quitadas. Na sexta-feira passada, a Guarda Municipal fez mais de mil abordagens a torcedores do Cruzeiro que estavam sem o equipamento ou utilizando de forma incorreta no entorno do Mineirão. Todos fizeram a adequação necessária e não precisaram ser punidos.