No começo da pandemia da Covid-19 os idosos eram responsáveis pela ampla maioria das mortes pela doença. No entanto, com a vacinação e a variante delta, os novos casos agora se concentram principalmente nos mais jovens, que ainda não foram imunizados.
De acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), 22% dos casos de Covid-19 diagnosticados na terceira semana de agosto são em crianças. No país, ainda não há vacina liberada para menores de 12 anos e mesmo entre adolescentes o número de vacinados ainda é mais baixo quando comparados ao resto da população.
“Quando as pessoas começaram a largar as máscaras e se socializar novamente, foi quando vimos nosso pico”, diz Abdallah Dalabih, médico do Hospital Infantil de Arkansas, em reportagem da Wired. “Todos nós pensamos que tínhamos acabado com a Covid, então, infelizmente, isso não impediu as pessoas de ter muitas interações neste verão”, completou a pediatra Kofi Asare-Bawuah.
Crianças e a variante Delta
Estudos indicam que jovens são mais resistentes a Covid-19 pois possuem um sistema imunológico mais preparado, que atua com mais velocidade. Em pacientes mais velhos, a resposta para a demora do corpo acaba fazendo com o que os sintomas se desenvolvam de forma mais grave. No entanto, com a variante Delta e uma taxa de transmissão maior, com o público adulto majoritariamente vacinado, os mais jovens, como crianças, ficam mais vulneráreis.
Segundo David Fisman, epidemiologista da Universidade de Toronto, o problema principal é a velocidade com que a variante Delta circula entre vacinados. Pessoas vacinadas ainda podem transmitir a Cepa com certa facilidade, apesar de desenvolverem poucos sintomas. Inicialmente, esperava-se que as vacinas pudessem conter ainda a transmissão do vírus.
Mesmo que crianças e adolescentes tenham uma menor probabilidade de serem internados, uma contaminação mais massiva com a variante Delta é suficiente para aumentar o número de hospitalizados nesse grupo. Além disso, crianças são mais vulneráveis a gripe comum, tornando sintomas gripais mais comuns nesse grupo e dificultando o diagnóstico.