Notificada como caso suspeito em Minas Gerais, a Encefalopatia Espongiforme Bovina, popularmente conhecida como “Doença da Vaca Louca”, chamou a atenção nesta quinta (2), não só do setor agropecuário brasileiro, como também da população. Afinal, quais os riscos reais dessa doença para o gado e também para o ser humano?
O que é?
Trata-se de um problema neurológico que leva ao sacrifício dos animais e pode ser transmitido aos humanos. A doença é causada pelo príon, um agente infeccioso composto por proteínas que afeta o sistema nervoso dos bovinos.
De acordo com a professora e coordenadora do curso de medicina veterinária das Faculdades Promove, Raquel Santos, a transmissão começa entre os próprios animais. “O contato entre os animais no pasto ou curral já é suficiente para transmitir a doença. Como o príon é relacionado às proteínas, a doença também pode se propagar na amamentação do gado e até mesmo da mãe para o feto”, comenta.
Por que a infecção acontece?
A médica veterinária destaca que os produtores têm um papel fundamental para evitar a disseminação da “Vaca Louca”. Ela conta que a falta de cuidados com a alimentação do rebanho é decisiva na contaminação.
“Os animais não podem comer nada que tenha proteínas de origem animal na composição. Farinha de carne e ossos, tecido nervoso e a conhecida cama de aviário são, inclusive, proibidos por Lei Federal”, explica.
Quais os sintomas?
A doença causa diversas alterações neurológicas no gado, como excitação excessiva, ranger de dentes e incoordenação motora. Como a doença não tem cura, o animal infectado é isolado e sacrificado. Para o diagnóstico clínico e laboratorial, fragmentos do sistema nervoso central são usados pelos médicos.
Como ela se manifesa em humanos?
Raquel Santos ressalta que a doença pode ser transmitida aos humanos, mas não como a “Vaca Louca”. “A transmissão para humanos se dá pelo consumo de carne que já esteja contaminada, e os sintomas são parecidos. Entretanto, os casos já registrados no mundo são da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), uma variante do príon que causa a doença nos animais”, ela conta.
Segundo a Fundação Ezequiel Dias, a DCJ tem rápida evolução e é fatal. Os sintomas em humanos envolvem manifestações psiquiátricas e perturbações sensoriais, seguidos de demência, movimentos involuntários, incontinência urinária, desorientação espacial e temporal, dificuldade de comunicação e de movimentação.
De acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento mais conhecido da DCJ envolve drogas antivirais e corticoides. Atualmente, a intervenção recomendada pela pasta é de suporte e controle das complicações.
Qual a situação da doença no Brasil?
O Brasil teve 55 casos confirmados da DCJ entre 2005 e 2014, segundo registros do Ministério. Desde então, foi instituída uma vigilância da doença no país e nenhum outro caso foi confirmado.