A Secretaria Estadual de Saúde (SES) investiga a origem da variante mu em Minas Gerais. Os primeiros casos da nova cepa da Covid-19 foram oficialmente confirmados nesta sexta-feira (3), mas tudo indica que o território mineiro já registra transmissão comunitária do vírus. Ou seja, ele já está circulando entre os moradores.
Cidade que teve dois casos da mu, que cientificamente é denominada B.1.621, Guanhães, no Vale do Rio Doce, informou que as vítimas infectadas não convivem juntas e que não fizeram viagens para o exterior. Uma delas, antes de ser contaminada, visitou um município vizinho. Mas a outra permaneceu apenas no povoado, que tem pouco mais de 34 mil habitantes.
Como os moradores que testaram positivo para a nova cepa não têm relação entre si e não viajaram para países com registro da doença, os casos sinalizam transmissão comunitária, esclareceu o infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás. “A transmissão comunitária, no caso da variante, é detectada quando aqueles casos índices que apareceram naquela comunidade não têm vínculo epidemiológico com pessoas que chegaram do exterior”, explicou.
“No caso estamos falando exterior ao Estado e ao Brasil. Então, como foi detectado esses dois casos em que não tem vínculo epidemiológico com ninguém que viajou, muito provavelmente o vírus está circulando (em Minas). É uma transmissão comunitária nessa região e provavelmente algumas outras partes do Estado”, completou o especialista, que é membro do Comitê de Combate à Covid-19 de Belo Horizonte.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Guanhães, as vítimas infectadas com a mu foram um homem e uma mulher, de 60 e 65 anos. Elas tiveram sintomas leves, fizeram o isolamento social e se recuperaram da doença sem complicações. Além do município, a variante detectada pela primeira vez na Colômbia também fez três vítimas em Virginópolis. No entanto, o município não passou detalhes e classificou os casos como suspeitos, apesar das confirmações por parte da SES e da Fundação Ezequiel Dias (Funed).
Mais sobre a mu
A variante B.1.621, ou mu, é classificada como uma “variante de interesse”, segundo a OMS indicou em seu boletim epidemiológico semanal, divulgado na terça-feira, sobre a evolução da pandemia. Essa variante tem mutações que podem indicar resistência às vacinas. Ela foi descoberta em janeiro, na Colômbia. Desde então, foi encontrada em outros países da América do Sul e na Europa.
O infectologista Unaí Tupinambás pontuou que a cepa está sendo monitorada, mas que não há confirmações se ela é mais agressiva ou transmissível. “Uma característica principal dela que a gente já sabe é que pode evadir a resposta imune, como a variante Beta, aquela que apareceu primeiramente na África do Sul. Ela representa em torno de 15% dos casos na Colômbia e Equador, e já foi detectada em mais de 30 países. Mas temos que aguardar se ela vai preponderar em cima dessas outras variantes”, declarou o médico.
Monitoramento
De acordo com o Estado, as cinco notificações da mu estão sendo investigadas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS-Minas). “A SES-MG tem ampliado as ações de vigilância genômica do coronavírus e realizado monitoramento rigoroso dos casos suspeitos das variantes de atenção e de interesse identificadas em Minas Gerais, a fim de coibir a disseminação no estado”, detalhou a SES.
A pasta informou que solicita amostragem para avaliar se há circulação de novas variantes em todas as regiões, a partir do acompanhamento dos indicadores que demonstram tendência de aumento de casos da Covid-19. “A SES-MG também está coordenando o alinhamento com a rede de laboratórios para fortalecer a vigilância genômica em Minas Gerais, além do contato direto com o CIEVS Nacional/Ministério da Saúde para direcionamento das ações em decorrência de casos confirmados”, frisou.
Como estratégia para impedir a circulação das cepas, o Estado está acelerando a imunização contra a Covid. Inclusive, solicitou ao Ministério da Saúde o envio de doses adicionais para atendimento aos municípios de Minas.