A variante mu (B.1.621) do coronavírus, descoberta na Colômbia, no início deste ano, foi detectada pela primeira vez em Minas Gerais através do método Sanger, durante a análise de cinco amostras de pacientes do município de Virginópolis, no Vale do Rio Doce, feita pelo Centro de Tecnologia em Vacinas (CT Vacinas) da UFMG.
Usado para analisar o material enviado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), o método Sanger, proposto recentemente pelo CT Vacinas para a vigilância genômica de casos do Sars-CoV-2, possibilita sequenciar pequenos pedaços do genoma do vírus, onde estão as mutações.
“Uma vez que tem foco em quantidades bem pequenas do material genético, o Sanger é mais simples, rápido e barato. Muitos laboratórios têm condições de fazer o sequenciamento, diferentemente do que ocorre com o método NGS (New Generation Sequencing), que descreve integralmente o genoma”, explica o virologista e professor Flávio da Fonseca, um dos coordenadores do CT Vacinas.
As análises que utilizam o Sanger levam de 48 a 72 horas para ficarem prontas. Segundo Fonseca, o resultado do sequenciamento feito no CT com o método Sanger foi confirmado pelo Laboratório de Biologia Integrativa, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, que utiliza o NGS.
Os achados do CT Vacinas, em parceria com um grupo da Universidade de São Paulo (USP), acerca da aplicação do Sanger no monitoramento do coronavírus já foram divulgados em artigo no formato pré-print e estão sendo revisados por pares para publicação, em breve, por periódico internacional especializado.
Os pesquisadores do CT Vacinas encontraram nas amostras de Virginópolis uma mutação que não batia com as variantes gama e delta. Eles recorreram, então, ao banco de dados mundial sobre o Sars-CoV-2 e constataram que se tratava da variante mu. Essa nova versão do vírus já havia sido detectada em outros estados brasileiros, como o Mato Grosso.
Ainda não há evidências de que a variante mu seja mais transmissível ou que provoque quadros de adoecimento mais graves que cepas como a delta e a gama. A mu também já foi detectada nos municípios de Guanhães e Braúnas, ambos também na região de Virginópolis. Os dois casos de Braúnas foram identificados pelo Laboratório de Biologia Integrativa do ICB.