A Justiça de Minas o negou, nessa terça-feira (21), o pedido da defesa e manteve a prisão preventiva de Kawara Welch, artista plástica de 23 anos, acusada de perseguir um médico e a família dele no Triângulo Mineiro. Ela está presa desde o início de maio.
Nesse processo, Kawara foi autuada em flagrante, em janeiro, pelo furto de celulares das vítimas. Na audiência de custódia, recebeu o benefício de responder em liberdade, no entanto, deveria cumprir medidas cautelares, dentre elas, não se aproximar nem entrar em contato com as vítimas.
Segundo os autos, a artista plástica descumpriu as medidas protetivas reiteradas vezes, o que levou à expedição de um mandado de prisão contra ela em março, cumprido em 8 de maio.
Na decisão dessa terça-feira (21), em resposta ao pedido de substituição da prisão preventiva por medidas cautelares diversas, o juiz André Luiz Riginel da Silva destacou que isso já foi feito e que ela descumpriu as medidas, “com ato de violência, que resultou em prisão em flagrante. Na ocasião, mais uma vez, a acusada foi agraciada com a liberdade, tendo sido fixadas medidas protetivas”, destacou o magistrado.
“Contudo, novamente, houve o descumprimento das referidas medidas, ocasião em que a prisão preventiva foi decretada por este Juízo e mantida tanto pelo Tribunal de Justiça, quanto pelo Superior Tribunal de Justiça”, diz a decisão.
O juiz destaca que “nem mesmo a decretação da prisão preventiva foi capaz de frear as condutas da acusada, a qual continuou a perseguir as vítimas”. E conclui afirmando que “a única medida capaz de conter a acusada é a segregação cautelar”, ou seja, a prisão.
A defesa também havia solicitado a restituição dos celulares apreendidos nos autos. No entanto, o juiz também negou esse pedido e destacou que “os delitos e os descumprimentos de medidas protetivas, em boa parte, se deram com o uso de celulares, razão pela qual os aparelhos constituem instrumento do crime e também meio de prova, visto que as partes, eventualmente, podem até requere algum tipo de perícia”.
Stalking contra médico
Kawara Welch foi denunciada pelo Ministério Público por perseguir um médico em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, desde 2019. A jovem de 23 anos, que se descreve nas redes sociais como artista plástica, chegou a fazer uma homenagem pública ao profissional.
Em uma postagem de abril de 2020, a mulher compartilhou a pintura de um médico segurando um coração humano. “Obra: Meu coração em suas mãos”, escreveu ela na legenda.
Reportagem do Fantástico conversou com o médico, que não quis se identificar. Ele disse que conheceu a mulher em 2018, quando ela apresentava sintomas de depressão.
No ano seguinte, a paciente passou a procurá-lo frequentemente na clínica em que ele trabalha. “Ela ficava me esperando na esquina do meu trabalho. Ela invadiu minha clínica. Fui perseguido várias vezes”, disse.
Meses depois, a mulher conseguiu o número de telefone do médico e passou, então, a persegui-lo também virtualmente.
“Ela teve acesso ao meu celular e começou a passar mensagens pra mim, fotos perturbadoras, amarrando lençol e corda no pescoço. Entrei em pânico”, relembrou.
Mais de 500 ligações em um dia
Ao perceber que estava sendo vítima de “stalking”, o médico passou a evitar a mulher. Quando ela ia até clínica dele, o profissional pedia que outro médico a atendesse. A situação, contudo, acabou se agravando.
“Ela chegou a me passar 1.300 mensagens em um dia. E mais de 500 ligações num único dia. Eu troquei de número de celular umas três ou quatro vezes, mas parei de trocar porque vi que era totalmente inútil. Ela tinha uma facilidade incrível em achar meu número novo”, afirma o médico.
Ainda de acordo com a vítima, Kawara chegou a ligar para a esposa dele e para o filho. O inquérito policial foi concluído e a investigada denunciada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pelos crimes de stalking, descumprimento de medidas protetivas e também roubo.
Ao BHAZ, a Polícia Civil disse que ordem judicial foi expedida pelo Poder Judiciário da comarca de Ituiutaba. “A PCMG realizou os trabalhos de polícia judiciária cabíveis e encaminhou a envolvida ao sistema prisional. Ela segue à disposição da Justiça”, disse a corporação.
Stalking é crime
O crime de stalking consiste em “perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade, ou privacidade”. A pena é de reclusão, de 6 meses a 2 anos, e multa.
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