O escritor Guilherme Pimenta Andrade lança no próximo sábado, 25, às 14h, na Biblioteca Pública de Sete Lagoas Dr. Avelar, o livro “O caso da união”. É preciso retirada de ingresso virtual gratuito para participar do bate-papo com o autor, que seguirá todos os protocolos sanitários de enfrentamento à Covid-19.
A obra conta com 84 poemas que têm o amor e suas especificidades enquanto partida para a discussão sobre os relacionamentos humanos. A paixão é o que o escritor, de 27 anos, pretende fazer emergir com seus poemas que provocam a ardência dos sentimentos não correspondidos.
A obra, publicada pela editora belo-horizontina Quixote+DO, foi realizada com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Lei Aldir Blanc.
Pimenta e suas inspirações
Há alguns anos Guilherme prepara os versos que foram publicados após financiamento da Lei Aldir Blanc, implementada com o objetivo de incentivar projetos culturais durante a pandemia de Covid-19.
Diagnosticado com Transtorno de Espectro Autista (TEA) apenas aos 16 anos, Guilherme faz da escrita uma das soluções provisórias para seus desafios. Bacharel em Direito, foi na faculdade que o contato mais próximo com a declamação e com uma de suas musas, a “cabocla”, o fez adentrar no mundo da literatura.
“Ela me deu certa abertura, por isso comprei uma rosa vermelha e escrevi alguns poemas para entregá-la. O plano não deu muito certo, mas fiz meu primeiro poema, que nomeia o livro. Mais de um ano depois, ao ver os manuscritos novamente, resolvi pensar em escrever mais poemas para dar forma a um livro”, explica o escritor debutante.
O autor também contou com outros estímulos. “O poeta romântico não precisa ter apenas uma única musa inspiradora. Eu, por exemplo, tive ao menos 10”, brinca. O apoio da família, conta Guilherme, foi estruturante para que o livro fosse concretizado: “Meus pais sempre batalharam para que tudo de melhor na minha vida acontecesse, esse livro é uma consequência disso”.
Confira nossa rápida conversa com o escritor sete-lagoano Guilherme Pimenta:
Guilherme, qual é a relação entre sua neurodivergência e a literatura?
Fui diagnosticado com Transtorno de Espectro Autista (TEA) apenas aos 16 anos. Os profissionais de saúde tinham diagnosticado até então apenas o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Eu tive que lidar com os obstáculos singulares da adolescência ao mesmo tempo em que fui criando formas de solucionar esses desafios. Por exemplo, eu estudava no Colégio Impulso, mas formei o Ensino Médio sem cursar o 3ª ano. Conclui apenas pelo Enem, que possibilitava aos maiores de 18 anos a certificação. Em 2013, fui estudar Física na Universidade Federal de Viçosa (UFV), quando os colegas ressaltaram esse meu talento de escritor. Mas eu achava algo impossível. Não deu muito certo em Viçosa, voltei para Sete Lagoas em 2015, para cursar Direito. Havia um professor que tinha como característica declamar poesias ao final da aula. Era um gesto nobre em um lugar não tão legal. Mas a faculdade de Direito me ajudou com repertório crítico, senso de justiça, sobre as diversas formas de conhecimento humano. A partir disso, fui buscar melhor as obras de autores como Carlos Drummond, Vinicius de Moraes e tantos outros.
Como funciona o seu processo criativo?
Eu tento entrar em meu “mundinho de Alice” para ter certo padrão de escrita. É o momento de fazer o que eu quero. Imaginar qualquer coisa, mesmo. Por isso é uma das melhores terapias que existe. Ainda mais nesses tempos em que cada vez mais as pessoas estão perdendo a sanidade, estamos vivendo os ares da ditadura de novo. Escrever é uma ação libertadora. Eu tenho o que chamo de “bichinho da inspiração”: uma vez que ele me captura eu tenho a obrigação moral de escrever. Se eu não for capturado por esse bichinho as coisas não saem como deveriam, na perfeição desejada. O que me inspirou também a escrever foram os autores de não ficção. Quando estudei em Viçosa, com acesso à biblioteca universitária, tive certo deslumbre inspirador. Mas quando eu tinha uns oito anos já era leitor voraz, ao mesmo tempo em que nunca deixei de fazer minhas peraltices.
Quais foram os desafios para a publicação de “O caso da união”?
Eu concluí “O caso da união” em 2017. No ano seguinte houve a 1ª Bienal do livro de Sete Lagoas e o pessoal do Juizado Especial Cível e Criminal de Sete Lagoas, onde fazia estágio, me incentivou a ir. Foi quando conheci a editora Luciana Tanure falando sobre como tirar um projeto de livro da gaveta e publicar. Em outubro de 2018, o livro foi aceito para publicação. Depois disso, começou o longo processo de acertar os detalhes, buscar os patrocinadores. Apenas com a lei Aldir Blanc, no final do ano passado, conseguimos a publicação, já que o livro teve seu financiamento contemplado. Até então eu havia feito financiamento coletivo, mas não tinha arrecadado o suficiente. Agora já estou preparando outro livro de poesia, um de conto/crônicas e um romance de ficção científica.
Lançamento e bate-papo com o autor Guilherme Pimenta:
Data: 25/09/2021
Horário: 14 às 17 horas
Local: Biblioteca Pública Municipal Doutor Avelar (Rua Lassance Cunha, 174, Centro- Sete Lagoas)
Ingressos gratuitos: www.sympla.com.br/lancamento-do-livro-o-caso-da uniao__1338450
O livro também poderá ser adquirido no site https://quixote-do.com.br/produto/o-caso-da-uniao/ ou em livrarias.
Texto: Ives Teixeira Souza (MTb 20.931 DRT/MG), com informações da Quixote+DO.