Com a autorização de construção já publicada e investimentos de R$ 5 bilhões, são grandes as expectativas acerca da Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo (EFMES), da Petrocity. Com quatro Unidades de Transbordo e Armazenamento de Cargas (Utac) previstas em todo o seu traçado, das quais duas já confirmadas em Minas Gerais, nos municípios de Governador Valadares e Ipatinga, a empresa estuda a implantação de mais um terminal para recebimento e distribuição das cargas que chegam e saem da ferrovia no Vale do Aço.
A cidade de Coronel Fabriciano está no páreo e apresentou, em audiência pública realizada pela Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), seus diferenciais competitivos para a atração do investimento. “O potencial é grande. Apenas na cidade contamos com duas duas empresas que já trabalham com importação e exportação e são reféns da malha rodoviária, o que atrasa as viagens em quase uma semana. Com a implantação do segundo Distrito Industrial (DI), outras empresas do mesmo perfil virão e a demanda pelo transporte ferroviário será ainda maior”, defendeu o prefeito Marcos Vinícius da Silva Bizarro.
O secretário de Administração e Desenvolvimento Econômico de Fabriciano, Daniel Nunes Linhares Papa, completou que o novo distrito industrial, em fase de terraplanagem, já conta com gasoduto e linhas de transmissão disponíveis em 226 lotes de 2 mil metros quadrados cada, próximos à BR-381 e à EFVM. E que três empresas já confirmaram a instalação no local e outras ainda estão em fase de estudos. “Muitas empresas da região estão com capacidade ociosa porque não têm como levar com eficiência seus insumos aos portos. A demanda é maior do que a capacidade de transporte”, citou.
O presidente da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva, recebeu o masterplan de Coronel Fabriciano e prometeu repassar à sua equipe para avaliar a viabilidade da implantação do terminal na cidade. Como primeira medida, a empresa deverá incluir Coronel Fabriciano em uma rodada de visitas técnicas a ser realizada no início de outubro, prevista inicialmente para ocorrer somente nas cidades onde serão instaladas as Utacs: São Mateus e Barra de São Francisco, no Espírito Santo, e Governador Valadares (Rio Doce) e Ipatinga (Vale do Aço).
A audiência pública atendeu a requerimento do presidente da comissão, deputado João Leite, e do deputado Tito Torres, ambos do PSDB. A proposta era justamente que representantes da Prefeitura de Coronel Fabriciano apresentassem à Petrocity o projeto do novo parque industrial, que incluirá uma plataforma multimodal (porto-seco).
Ferrovia terá transporte de cargas
Silva afirmou que o projeto prevê payback em oito anos, a partir do início das operações, previsto para 2024 e com a conclusão até 2026. Segundo ele, o projeto inclui ainda a instalação de um gasoduto e de uma infraestrutura de telecomunicações ao longo da nova ferrovia. Em São Mateus, além do porto, o Condomínio Logístico de Urussuquara contará, entre outras estruturas, com usina termelétrica, datacenter, unidade hoteleira e complexo administrativo.
“Ao iniciarmos os estudos, em 2018, quando a economia não ia tão bem, já identificamos um potencial de US$ 28 bilhões em mercadorias que são escoadas pela BR-381. Estamos falando de rochas ornamentais, café, aço, produtos agrícolas e cargas em geral”, detalhou.
Os chamados produtos conteinerizados vindos do exterior também estão no radar da Petrocity. Conforme Silva, a demanda de empresas já instaladas na região e a retomada do projeto de implantação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em Governador Valadares, a partir da nova lei do setor, sancionada em julho, justificam a aposta.
Já o transporte de passageiros é mais complexo. “O projeto da EFMES foi concebido para o transporte de cargas até pela viabilidade econômica, uma vez que o modal ferroviário de passageiros no Brasil não se paga. Mas não tem nada descartado em relação a análise de transporte de passageiros”, revelou.
Por fim, o presidente da empresa disse que os próximos 15 meses serão decisivos no processo de implantação da ferrovia e muitas etapas já estão em execução. Contratos já foram assinados com a Odebrecht que será responsável pelo projeto de engenharia e construção da ferrovia; com uma empresa especializada em estruturação financeira, que está trabalhando no refinamento das cargas que serão transportadas; com uma empresa de regularização fundiária e com a DWL para estruturar os impactos ambientais e sociais do traçado da linha férrea.
Conforme já publicado, originalmente, o projeto previa que a ferrovia teria 553 quilômetros, ligando o Norte e o Noroeste do Espírito Santo a Minas Gerais. No entanto, foi reduzido para 420 quilômetros de extensão e ligará o município de São Mateus (ES) a Ipatinga no Vale do Aço. O planejamento original previa a extensão da ferrovia até Sete Lagoas (Central), mas foi limitado para garantir a viabilidade ambiental e econômica.