Um professor de práticas culturais de Belo Horizonte perdeu dois carros e ainda tem que arcar com diversas multas em seu nome após cair em dois golpes aplicados por falsos motoristas de aplicativos. Wagner de Souza Santos, de 41 anos, mais conhecido como “Guinho”, dá aulas de capoeira, percussão e musicalização e resolveu comprar dois veículos com o início da pandemia da COVID-19, para ajudar nas despesas de casa.
“eu tinha um dinheiro e resolvi investir. Comprei dois veículos, que seriam para alugar para motoristas de aplicativos, o que seria uma forma de conseguir o dinheiro que iria precisar”, conta ele. O professor botou os veículos para alugar e surgiram dois pretendentes. “Foram dois caras que pareciam ser pessoas superidôneas, mas não eram”, lamenta.
O primeiro, W.P.G., de 26 anos, se apresentou como cuidador de idoso e fazendo faculdade. “Ele apresentou todos os requisitos e me garantiu que pagaria direito. Era de Itabira. Fizemos um contrato. Mas não cumpriu nada.”
Um primeiro pagamento foi feito, mas depois disso, Guinho não recebeu mais o valor mensal de R$ 500 pelo Chevrolet Onix. Ele pediu, então, o carro de volta. “Eu ligava pra ele, que dizia que iria pagar, pedia para esperar um pouco. Passou a me mandar comprovantes de depósitos, feitos em minha conta, mas os envelopes estavam vazios, o que foi comprovado pelo banco.”
Ele decidiu, então, ir até Itabira, na Região Central de Minas, para tentar reaver o veículo. “Ele bateu o meu carro e tinha quatro multas. Tornei a telefonar pra ele e falei que ficaria com os prejuízos, mas que ele devolvesse o carro. Cheguei a falar com a mãe dele, mas ela disse que eu tinha de resolver com o filho dela.”
Guinho registrou uma queixa na polícia e, pouco tempo depois, o veículo foi apreendido. “Fui à delegacia e disseram que era preciso ter um delegado para que a devolução ocorresse, e estavam sem delegado. Marcaram para que retornasse na quarta-feira (6/10), para receber o carro, mas depois me mandaram mensagem para que fosse lá nesse dia, e sim na sexta.”
Desde então, ele tem recebido mensagens da referida delegacia, sempre com desculpas para que o veículo seja devolvido.
Segundo baque
Ja o segundo pretendente, R.L.S.O., de 29 anos, apresentou atestados de bons antecedentes, documentação completa, comprovante de endereço e comprovante de aplicativo, que certificava que era um prestador de serviços para a empresa.
“Pensei que tinha dado sorte e conseguido um cara legal. Para completar, ele me deu cinco cheques pré-datados assinados. Entreguei o carro, um Renault Logan. Mas daí em diante, começaram os problemas.”
Quando Guinho entrou com o primeiro cheque, também de R$ 400, descobriu que este era furtado. “O cara desapareceu com o carro. Fiz então um registro na Polícia Civil, de roubo do veículo. Eram R$ 400 por semana de aluguel.”
Ao apresentar a documentação do homem que alugou o veículo à polícia, a informação de que tudo era falso e que este homem tinha processos por estelionato.
Mas o pior, segundo ele, é que apesar de ter registrado a queixa e pedido a restrição do veículo, isso não foi feito. “Apareceram sete multas no meu nome, para esse veículo, na cidade de Conceição da Barra, no Espírito Santo. E até agora, não consegui a ajuda esperada a Polícia Civil. Já estive várias vezes na delegacia e nada fizeram”, lamentou.