A decisão de terceirizar o cuidado dos filhos, recorrendo a creches, babás, avós ou outros membros da rede de apoio, envolve uma complexa teia de sentimentos e preocupações para muitas famílias. Esse tema gera debate sobre os limites e responsabilidades dos pais na educação e relação de afeto com as crianças.
Recentemente, a dançarina e influenciadora Lore Improta foi criticada nas redes sociais após compartilhar um vídeo em que pedia ajuda à babá de sua filha enquanto a funcionária almoçava. O episódio levantou a questão sobre até que ponto é aceitável delegar certas responsabilidades e qual o impacto emocional dessa prática nos filhos e nos próprios pais.
Mães que optam pela terceirização frequentemente relatam preocupações sobre a qualidade do cuidado que seus filhos receberão. A auxiliar administrativo Aline Guterres, 23, por exemplo, buscou uma babá para cuidar da filha após retornar ao trabalho presencial. Inicialmente, Aline sentiu-se culpada, mas com o tempo passou a ver a cuidadora como uma parceira na educação da filha, sem notar mudanças no vínculo afetivo com a menina.
A pedagoga e especialista socioemocional Renata Fialho destaca que a percepção dos pais de que parceiros auxiliam na educação é fundamental, mas ressalta que eles não são responsáveis pela educação socioemocional dos filhos. Esse aspecto envolve a descoberta de emoções, sentimentos e a construção de valores, áreas nas quais os pais devem ser as principais referências.
Renata observa que a escolha do modelo de terceirização depende das necessidades práticas de cada família, como condições de trabalho, disponibilidade financeira e estruturas sociais. Escolas de período integral, por exemplo, oferecem um ambiente seguro e educativo para as crianças, aliviando os pais da preocupação constante com o cuidado durante o horário de trabalho.
A comunicação eficaz e assertiva entre pais e cuidadores é crucial. Renata frisa que os pais devem manter um papel ativo e presente, estabelecendo uma comunicação clara com todos os envolvidos no cuidado e na educação dos filhos, garantindo que permaneçam como a principal referência afetiva e de autoridade.
Em relação à maternidade e paternidade, Renata defende uma mudança de paradigmas, promovendo uma divisão equitativa de responsabilidades entre mães e pais. A especialista também orienta os pais a serem cautelosos com a exposição dos filhos na internet ao discutir questões de criação e terceirização dos cuidados.
Com a evolução constante da sociedade, é vital que os pais se adaptem às novas realidades e influências externas, principalmente das redes sociais. A educação vai além dos muros da escola e das telas dos dispositivos, acontecendo principalmente no cotidiano, através do exemplo e da convivência familiar.
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